The Mouse Trap - Slasher do Mickey só assusta a inteligência do público

Quando a onda de adaptações em filmes de terror, usando clássicos personagens infantis surgiu, olhos mais atentos viam com certo medo do que poderia ser apresentado ao público. Pois bem, nesse mar de espeluncas que deve ficar ainda maior, surgiu ‘The Mouse Trap’, o aguardado (por poucas almas), slasher do mais emblemático personagem da Disney.

Tentando usar apenas o intuito do choque, o filme é um campo de coisas aleatórias, que não se conectam, e ainda por cima, conseguem deixar o longa sem pé nem cabeça. O filme é mal feito, é mal dirigido, mal escrito, é até difícil colocá-lo num pódio, visto que, existem as duas pérolas que são os filmes do Ursinho Pooh.

Na sinopse oficial do longa: ‘Presa trabalhando no turno da noite no fliperama do parque de diversões, Alex recebe uma visita surpresa de seus amigos em seu aniversário de 21 anos. No entanto, sua noite de diversão logo se transforma em uma luta pela sobrevivência quando um assassino vestido de Mickey Mouse invade a festa.’

Uma onda que promete mais desgraças

Para quem não sabe, muitos personagens clássicos da Disney estão entrando em domínio público. Isso acontece por conta da lei de direitos autorais americana, que determina que os direitos de um autor sobre sua obra, se encerram 95 anos depois da primeira publicação. Também vale destacar que, a base que o diretor Jamie Bailey usou em The Mouse Trap foi Steamboat Willie. O lendário curta, apresenta ao mundo o clássico Mickey Mouse, que até hoje é símbolo da Disney.

Ou seja, Bailey só usou referências que tinham a ver com o primeiro visual do rato. Sendo assim, Bailey abusa do quanto a obra original permeia o filme. A começar pelo nosso assassino, que é um fanático pelo desenho de 1929, e simplesmente tem a ideia de virar um serial killer que usa a mascará do Mickey.

Essa onda de adaptações ainda promete pérolas futuras. Já que no ano que vem, estão prometidos slashers do Bambi, A Bela Adormecida e até do marinheiro Popeye. Seria legal imaginar todos esses personagens pairando e inseridos em contextos de histórias diferentes, algo que hoje pode ser feito, por conta do domínio público. Entretanto, essas ideias de alguns diretores de incluir estes personagens em filmes de terror, parecem devaneios de jovens rebeldes, que usavam preto na adolescência, e queriam chocar a todo custo.

Em certo ponto é até triste, pois são ideias que parecem surgir do nada, e ir a lugar nenhum. Mas mesmo assim, viram filmes.

Vale a pena?

De antemão, já aviso que não vale o seu tempo. The Mouse Trap parece um experimento: Teve uma ideia inicial elaborada, planejada, mas que na execução caiu por terra. Até a direção que o filme usa para contar sua história de pouco mais de 1h20 é desnorteada. Jamie Bailey usa uma das vítimas para contar sua história no formato flashback. Entretanto, o diretor não se preocupa em criar nenhum cenário de mistério, que desperte alguma curiosidade em quem vê. Com seis minutos de filme, já sabemos quem é o assassino, e sua justificativa, mesmo que tosca.

Ora, então para que o flashback? O filme tenta evocar a aura dos slashers dos anos 80, que usavam lugares fechados para contar uma história de assassinato. Aqui, nosso ‘Crystal Lake’ é o fliperama onde a protagonista trabalha. O problema é a falta de interesse que o próprio diretor coloca em seu filme. Personagens jogados ao vento para o telespectador, tentativas sem sucesso de trazer um ar cômico, isso sem falar na total falta de atuação do elenco. A todo momento me peguei tentando entender os cortes e diálogos do filme, que parecem ter sido feitos por uma turma de escola.

No fim, The Mouse Trap falha como tentativa de um novo olhar para o Mickey. E falha principalmente em ter um trato como filme. O único investimento que parece ter sido feito no longa, fica para o final, o porém, é que este final soa legitimamente como uma ameaça ao telespectador, por ter a cara de pau de propor uma possível sequência. Que os deuses tenham piedade dos nossos olhos.