‘A Grande Muralha’ | Estética grandiosa em um roteiro medíocre

‘A Grande Muralha’ | Estética grandiosa em um roteiro medíocre

Em um gênero cinematográfico repleto de ação e fantasia, poucas coisas são tão cativantes quanto uma jornada épica através de guerras e histórias. Situado nos tempos antigos da China, A Grande Muralha nos transporta para um mundo de batalhas épicas e criaturas monstruosas. Com direção de Zhang Yimou o filme nos leva a explorar uma trama de coragem, sacrifício e a luta pela sobrevivência. Neste exato momento, A Grande Muralha se destaca entre as produções do gênero e figura no top10 da Netflix, oferecendo uma experiência visualmente impactante.

No século XV, William (Matt Damon) e Tovar (Pedro Pascal) são dois mercenários em busca de “pó negro” (pólvora). Depois de escaparem do ataque de uma criatura misteriosa, eles se encontram, acidentalmente, aos pés da Grande Muralha. Lá, eles acabam aprisionados pelos guerreiros chineses, que estão na iminência de sofrerem um ataque. Reza a lenda que, a cada 60 anos, uma horda de monstros tenta transpassar a barreira, para se alimentar dos humanos que vivem do outro lado.

Direção competente, mas roteiro e atuações irregulares

O roteiro de A Grande Muralha é alicerçado em uma premissa interessante: a ideia de que a Grande Muralha da China foi construída para proteger o país de uma horda de criaturas monstruosas. No entanto, a execução dessa ideia fica aquém das expectativas. A história é bastante previsível, seguindo uma estrutura típica de filmes de ação. As motivações dos personagens são superficiais e aprofundamentos adicionais são negligenciados, o que resulta em uma falta de conexão emocional com eles. Além disso, o desenvolvimento dos personagens é limitado, deixando-os subdesenvolvidos e menos cativantes. Embora o conceito geral seja intrigante, o roteiro não consegue explorar plenamente seu potencial, deixando uma sensação de desperdício de oportunidade.

Por outro lado, a direção de Zhang Yimou é um dos pontos altos do longa. Ele demonstra sua habilidade em criar composições visuais impressionantes, com cores vibrantes e coreografias de ação bem orquestradas. Os cenários grandiosos e a escala monumental da Muralha da China são aproveitados ao máximo, criando uma estética visual deslumbrante. Yimou também utiliza a tecnologia de efeitos especiais de forma eficaz para dar vida às criaturas monstruosas, que são visualmente impactantes. No entanto, embora a direção seja esteticamente impressionante, falta profundidade narrativa e coesão em certos momentos, deixando a sensação de que o estilo visual pode ter suplantado a substância em algumas cenas.

Já o elenco de A Grande Muralha é composto por nomes conhecidos, como Matt Damon, Jing Tian, Pedro Pascal, Willem Dafoe e Andy Lau. Infelizmente, as atuações são inconsistentes. Matt Damon oferece uma performance sólida como William, o protagonista, embora seu sotaque e presença destoem um pouco do contexto histórico e cultural do filme. Jing Tian é carismática como a comandante Lin Mae, trazendo uma determinação notável ao papel. No entanto, algumas atuações secundárias carecem de profundidade e acabam caindo em estereótipos. É uma pena ver talentos como Willem Dafoe e Pedro Pascal subutilizados em papéis subdesenvolvidos. Em geral, embora haja momentos de destaque, as atuações não conseguem elevar o filme como um todo.

Vale a pena?

Primeiramente, em termos de envolvimento, A Grande Muralha consegue oferecer algumas sequências de ação emocionantes, especialmente nas batalhas contra as criaturas monstruosas. As cenas de combate são coreografadas de maneira competente, com acrobacias bem executadas e efeitos visuais impressionantes. A ação frenética e a escala épica das batalhas mantêm o público interessado e entretido. No entanto, em certos momentos, a trama se arrasta e a falta de desenvolvimento dos personagens afeta o envolvimento emocional do espectador.

Quanto à qualidade geral do filme, é inegável que o longa possui uma produção visual de alto nível. A direção de arte, o design de figurinos e a cinematografia são excelentes, criando um mundo rico em detalhes e visualmente deslumbrante. A grandiosidade da Grande Muralha da China e a beleza dos cenários contribuem para uma experiência cinematográfica imersiva.

No entanto, apesar de seus méritos visuais, o filme peca em outros aspectos. O roteiro irregular e previsível limita o potencial da narrativa, não aprofundando o suficiente tanto a história principal quanto os personagens. Além disso, as atuações, embora com alguns destaques, são inconsistentes, resultando em personagens menos cativantes e em performances desperdiçadas.

Por fim, A Grande Muralha é uma produção cinematográfica que se destaca por sua estética visual e sequências de ação empolgantes, mas falha em entregar uma narrativa cativante e personagens memoráveis. Sendo assim, se você está em busca de um entretenimento visualmente impressionante, pode valer a pena conferir o filme. No entanto, se você valoriza uma história envolvente e atuações consistentes, talvez seja melhor buscar outras opções dentro do gênero de ação e fantasia.

Avaliação: 2.5 de 5.

Confira o trailer de A Grande Muralha (Netflix)

Ficha Técnica

Direção: Zhang Yimou
Roteiro: Carlo Bernard, Doug Miro, Tony Gilroy
Duração: 103 minutos
País: China e Estados Unidos
Gênero: Ação e fantasia
Ano: 2016
Classificação: 12 anos

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