Novo filme original da Amazon Pime Vídeo, o longa Cassandro chegou nesta sexta-feira ao catálogo do serviço. Dirigido por Roger Ross Williams e estrelado por Gael García Bernal, o filme conta a história do ícone do pro-wrestling mexicano (lucha libre) Saúl Armendáriz, que quebrou barreiras nos anos 80, sendo um lutador de lucha libre gay.
No início dos anos 1980, o lutador gay Saúl Armendáriz vive em El Paso, Texas, e cruza regularmente a fronteira para Ciudad Juárez no México para participar de embates de lucha libre. Ele luta como El Topo até conhecer uma nova treinadora, Sabrina, que sugere que ele compita como um profissional exótico, levando à sua nova identidade e aumentando o sucesso como Cassandro.
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Uma tradição usada como libertação
No pro-wrestling mexicano, um lutador ”exótico” é basicamente alguém que monta todo o seu personagem, se baseando em trejeitos femininos. Existem relatos da existência desse tipo especifíco de lutador desde a década de 1940, com figuras como Gardenia Davis. Em sua maioria, esses lutadores eram caricaturas de homens gays, e jamais foram levados a sério dentro de uma organização de lucha libre.
Porém, Cassandro foi um dos grandes resposáveis pela mudança na mentalidade das pessoas, que viam os exóticos apenas como lutadores sem seriedade. Para se ter idéia, em 1992 ele foi o primeiro exótico a ganhar um título mundial, vencendo o Campeonato Mundial Leve da UWA.
A princípio, lutadores gays no pro-wrestling sempre tentaram manter certa descrição da sua sexualidade. O primeiro lutador a se assumir abertamente foi o lendário Pat Patterson, que segundo relatos, nunca escondeu de ninguém que era gay, e assumiu isso durante o auge de sua carreira nos anos 70.
Vale a Pena?
Cassandro é uma daquelas biográfias que seguem o padrão já conhecido. Ou seja, temos aqui a introdução com toda a abordagem sobre o personagem e seu entorno. Logo depois sua ascenção, e por final, o hoje após o auge. O diretor Roger Ross Williams é feliz em captar todo o sentimento e essência de um ambiente de wrestling, e seus rápidos movimentos de câmera fazem crescer as cenas de lutas. Afinal de contas, no wrestling o impacto de um golpe, e como ele é captado pela câmera, ajudam a criar toda a atmosfera da coisa. Aliado a isso, temos o grande destaque do filme sem sombras de dúvidas, que é Gael García Bernal. O ator chegou a sofrer boicotes por algumas pessoas, que queriam um ator gay no papel, porém o que Bernal entrega aqui é fantástico.
Entretanto, o filme de Ross Williams sofrê com um grande problema de ritmo e montagem, onde você sente que passagens são pouco exploradas, ou um corte abrupto acontece. Além disso, o diretor tenta equilibrar e contar a história do Cassandro dentro e fora do ringue, e isso acaba deixando de fora alguns bons momentos da carreira do lutador. Além de não contar mais desse Cassandro e sua vida sendo um homem gay dentro deste ambiente ultra masculino.
Porém, em minha opinião essses nem acabam sendo os grandes problemas do filme. Que para mim, reside na idéia do diretor de que todo mundo conhece Saúl Armendáriz. Desde o começo do longa, fica claro que se você não tiver um minímo de noção de como funciona o wrestling, sua experiência pode sofrer um pouco. Além disso, o diretor opta por não ter demarcações de tempo, então mais uma vez, se você conhece um pouco sobre Cassandro, sobre lucha libre, você absorverá talvez mais do filme, caso contrário, a experiência pode ser decepcionante. Além de tudo isso, outro grande problema é o final do filme. Isso porque, ele se torna decepcionante a medida que o público cria certa expectativa pelo que é construído na jornada.
Apesar de todos os problemas, Cassandro ainda é um bom filme, e uma biográfia sobre um personagem extremamente cativante. Além disso, tem uma participação no final que, para um fã de wrestling como eu, foi recompensadora.
Trailer do filme
Ficha Técnica
Direção: Roger Ross Williams
Roteiro: David Teague, Roger Ross Williams
Duração: 107 minutos
País: México, Estados Unidos
Gênero: Biografia, drama
Ano: 2023
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