‘Apesar de Tudo, Amor’ é um k-drama com uma narrativa aconchegante e divertida.
Sinopse de ‘Apesar de Tudo, Amor’
A priori, ‘Apesar de Tudo, Amor’ parece ser outra série de romance fofa, mas definitivamente memorável – a rejeitada no amor, mas ainda assim romântica, Na-bi (Han So-hee) se vê atraída por Jae-eon (Song Kang), que gosta de flertar e de relacionamentos casuais, mas não tem interesse em nada sério, enquanto sua primeira paixão Do-hyeok (Chae Jong-hyeop) reaparece após um encontro casual e também se mostra romanticamente interessado.
Existem casais e ex-namorados, e cada premissa que você esperaria em uma série como esta, aparece. No entanto, é absolutamente espetacular. Portanto, o que deveria ser outro drama comum baseado em um webtoon é elevado além da medida devido à sua devoção e excelência em dois elementos-chave: arte e realismo.
A melhor maneira de descrever a estética de ‘Apesar de Tudo, Amor’ é que a equipe de fotografia teve a impressão de estar fazendo um filme de arte e ninguém disse o contrário. Além do mais, isso se encaixa perfeitamente com o enredo da série, já que todos os personagens são estudantes de arte, e nos dá uma ideia de como eles percebem o mundo. Os primeiros cinco minutos deixam claro que ‘Apesar de Tudo, Amor’ não é uma típica comédia romântica. Nos é mostrado o relacionamento anterior de Na-bi do início ao fim, mas seu ex está sempre fora das câmeras. Além disso, os momentos em que eles estão felizes são filmados em “rack focus” e com a iluminação quente para fornecer uma sensação de suavidade; em momentos ruins a estética muda completamente, mas as coisas que causam dor simplesmente não são mostradas até que tenhamos a perspectiva de outra pessoa. Esta característica de iluminação perpassa toda a série. A felicidade é quente, suave e confortável. A infelicidade é fria e crua, dando a tudo um aspecto desagradável. E coisas com as quais os personagens não querem lidar literalmente não aparecem na câmera.
O “sound designer” também é surpreendentemente único. A pedra angular disso não é uma trilha sonora ou motivos instrumentais, mas o silêncio. ‘Apesar de Tudo, Amor’ está disposta a permitir que o silêncio domine a tela, para que o público ferva no mesmo silêncio tenso dos personagens. Compartilhamos o desconforto e a confusão porque não há nenhuma pista não-diegética para nos dizer o que está acontecendo. Além disso, a ênfase no silêncio também dá às ocasiões em que a trilha sonora aparece um impacto maior, dando um peso extra aos momentos que de outra forma poderiam ser considerados inócuos. No geral, o talento artístico se eleva, no entanto, à algo dolorosamente belo.
Claro, a elevação só pode ir até certo ponto sem um bom material de origem, o que nos leva ao outro atributo definidor de ‘Apesar de Tudo, Amor’ : seu realismo. No cenário da mídia moderna, “realismo” é frequentemente usado como um apito de cachorro para histórias sombrias, corajosas e deprimentes, portanto, chamar um romance – especialmente uma série voltada para jovens – de realista é um pouco estranho. Mas “realista” aqui é o verdadeiro significado de sentir-se real.
Os personagens desta série não agem como personagens dramáticos; eles agem como pessoas. Eles reagem mal ao estresse, sucumbem à pressão e à dúvida dos colegas e têm seus próprios problemas fora do amor, e é que torna a série tão atraente. O público não pode ter como certo que o relacionamento de Na-bi e Jae-eon vai dar certo, que Sol (Lee Ho-jung) e Ji-wan (Yoon Seo-ah) vão confessar seus sentimentos, que Bit-na (Yang Hye -ji) e Gyu-hyun (Kim Min-gwi) vão superar seus problemas. É fundamentado e genuíno, com cada personagem trazendo uma humanidade imperfeita aos arquétipos típicos do drama.
Esse realismo também colore o enredo, utilizando temas de amor que refletem o mundo real, em vez de um cenário de drama idealizado. Um dos grandes temas é que existem muitas maneiras de namorar e encontrar o amor, e muito poucas delas estão erradas. Jae-eon e Bit-na se envolvem em sexo casual no início, e não são demonizados porque são honestos sobre isso com seus parceiros. Sol, Ji-wan e Gyu-hyun não namoram devido a sentimentos não correspondidos e uma preferência por algo mais sério, e eles também são enquadrados positivamente. A decisão de Na-bi de entrar em um caso casual com Jae-eon é vista como ela rompendo com a solidão causada por seu coração partido anterior. Esta decisão não é uma grande ideia, mas é compreensível e moral.
No entanto, também explora como o fato de ninguém estar errado não significa que todos estejam certos. Na-bi e Jae-eon e Bit-na e Gyu-hyun se separam pela primeira vez porque uma pessoa está mais envolvida. Terminar o relacionamento é a resposta madura, mas ainda era uma consequência previsível que ambos os pares desconsideraram. Então há Do-hyeok, o primeiro amor de Na-bi. Quando eles se reconectam, ele confessa a ela e continua a ansiar por ela, o que é bom. Menos bem é que quando ela diz a ele que não está em um lugar para namorar, ele continua a persegui-la e diz que vai desistir quando achar que ela não está interessada… quando ela já disse não. No entanto, isso não é nada demais, devido ao fato que ele é cara legal, gentil e pouco intrusivo.
Isso nos traz de volta ao tema que impulsiona a história de amor central de Na-bi e Jae-eon: namore a pessoa que você acha que se encaixa melhor em você. Por causa da reputação de playboy de Jae-eon, os estudantes de arte desencorajam Na-bi de estar com ele e a empurram para Do-hyeok, o doce amigo de infância que cozinha. O chute é que Jae-eon e Na-bi são ótimos juntos. Eles apenas clicam, entendendo-se sem palavras, sempre sintonizados com a presença e os sentimentos do outro. Ele fornece fé contra suas inseguranças, ela traz conforto para seu isolamento. Eles estão presos nas órbitas um do outro, e é apenas a influência de forças externas que podem separá-los.
Um dos elementos mais sutis da escrita é a justaposição de Jae-eon com o ex de Na-bi. Ele é mostrado apenas algumas vezes, mas ele é controlador, crítico e a viola ao exibir uma estátua dela em uma situação sexual sem seu conhecimento, muito menos seu consentimento. Jae-eon, por outro lado, é carinhoso, atencioso, quer fazê-la feliz em vez de bajular seu ego. Ele também ofusca o fato de tê-la visto antes de se conhecerem e desenvolver sentimentos por ela, para não sobrecarregá-la com seus sentimentos. De forma consistente, sua única motivação com ela é fazer Na-bi feliz, e ela retribui isso.
Na verdade, no último episódio, todos os casais de ‘Apesar de Tudo, Amor’, podem ser descritos da mesma maneira, porque esse é o ponto final desta série: o amor deve fazer você feliz. A maioria dos dramas deixa os personagens serem pegos no caos de ficarem juntos, mas aqui o objetivo é sempre o mesmo: encontrar alguém com quem você gosta de estar. O público consegue continuar torcendo por Na-bi e Jae-eon apesar dos obstáculos, porque sabemos como eles são juntos: foco suave, luzes quentes e as únicas vezes que esses dois sorriem. Os casais paralelos seguem caminhos românticos diferentes, mas todos terminam naquela bolha de êxtase confortável. Questões externas podem ser tratadas, mas esse contentamento básico com seu parceiro é vital, porque se vocês não gostam um do outro, por que se preocupar?
Até a narração final de Nabi, na qual ela afirma que sabe que Jae-eon a machucará um dia, parece se alinhar com isso. Embora a primeira vez que ela aceitou esse relacionamento fosse quebrar e queimar, sua visão da segunda vez é mais madura. Agora, ela entende que a dor é um efeito colateral do amor, que altos são impossíveis sem baixos, mas se alguém te faz mais feliz do que você estaria sozinho, então vale a pena.
Conclusão
‘Apesar de Tudo, Amor’ é uma obra-prima. Ele fala honestamente sobre amor, relacionamentos, romance, necessidades pessoais versus opiniões de grupo e o propósito de tudo isso. Pode parecer uma entre muitas comédias românticas, mas prova que, quando a execução é engenhosa e honesta, os clichês que todos conhecemos são simplesmente a base para algo maravilhoso.
