‘O Eterno Feminino’ é uma imersão profunda na dualidade da vida e da morte

‘O Eterno Feminino’ é uma imersão profunda na dualidade da vida e da morte

Entre a brevidade da vida e a eternidade da arte, como podemos encontrar significado? Essa é a provocação central de O Eterno Feminino, filme que recentemente chegou ao catálogo da Netflix, mergulhando corajosamente na temática da mortalidade. Dirigido por Natalia Beristáin, o filme oferece uma exploração profunda e cativante da vida da renomada escritora mexicana Rosario Castellanos.

No longa, Rosario Castellanos (Karina Gidi) é uma universitária que parece não se encaixar à época em que nasceu. Por volta de 1950, a jovem luta para que sua voz seja ouvida em uma sociedade comandada por homens. Quando Rosario está prestes a se tornar um dos maiores nomes na literatura mexicana, seu caótico relacionamento com Ricardo Guerra (Daniel Giménez Cacho) coloca em evidência a sua fragilidade. No auge da carreira, ela coloca em pauta uma discussão que será um ponto crucial em sua vida.

Direção, elenco e roteiro

A direção de Natalia Beristáin é habilidosa e cuidadosa. Ela utiliza uma abordagem visualmente bela e intimista, capturando com maestria os detalhes do ambiente e da época em que a história se passa. A fotografia é elegante e há uma atenção meticulosa aos figurinos e à direção de arte, recriando com autenticidade a atmosfera do México nas décadas de 1950 e 1960.

As atuações em O Eterno Feminino são verdadeiramente excepcionais. Karina Gidi entrega uma interpretação poderosa e cativante no papel de Rosario Castellanos, transmitindo com maestria a complexidade emocional da personagem. Sua performance é marcada por uma profunda conexão com a jornada pessoal e artística de Castellanos, capturando tanto os momentos de vulnerabilidade quanto a força e determinação da escritora. O elenco como um todo demonstra um talento notável, trazendo vida aos personagens secundários e proporcionando interações autênticas e convincentes. Cada ator traz sua própria camada de profundidade e emoção, contribuindo para a riqueza do filme. Sendo assim, é um fato afirmar que as atuações elevam a história e adicionam uma dimensão extra de impacto e envolvimento emocional para o público.

Além disso, o roteiro constrói uma narrativa fluida e envolvente, cativando o espectador desde o início. Os diálogos são inteligentes e provocativos, abordando questões sociais e políticas com sagacidade. O filme também incorpora trechos da própria obra literária de Castellanos, criando uma interação interessante entre a vida da escritora e suas palavras.

Vale a pena?

Primeiramente, vale ressaltar que uma das maiores conquistas do filme é sua capacidade de mergulhar na complexidade da vida de Castellanos. Ao longo da narrativa, o filme nos apresenta aos desafios que ela enfrentou como mulher e escritora em uma sociedade dominada por normas patriarcais. O filme aborda temas como o papel da mulher na sociedade, a busca pela independência e a luta contra as expectativas sociais impostas às mulheres na época. Essas questões são exploradas com sensibilidade e profundidade, proporcionando uma visão crítica e reflexiva sobre as condições enfrentadas por mulheres talentosas e ambiciosas como Castellanos.

Embora O Eterno Feminino seja um filme biográfico, ele vai além de uma simples cronologia de eventos. Ele oferece uma exploração profunda da identidade feminina, da criatividade artística e das relações pessoais. Sendo assim, o resultado é um retrato emocionante de uma mulher corajosa e talentosa que deixou um legado duradouro na literatura mexicana.

Em resumo, O Eterno Feminino é uma obra-prima cinematográfica que merece reconhecimento. Com uma direção habilidosa, atuações brilhantes e uma narrativa envolvente, o filme convida o público a refletir sobre questões de gênero, identidade e emancipação. Por fim, o longa é uma homenagem inspiradora a uma figura literária notável e uma conquista notável no cenário cinematográfico mexicano e vale muito a pena ser assistido.

Avaliação: 4.5 de 5.

Confira o trailer de O Eterno Feminino

Ficha Técnica

Direção: Natalia Beristáin
Roteiro: María Renée Prudencio e Javier Peñalosa
Duração: 85 minutos
País: México
Gênero: Biografia e drama
Ano: 2018
Classificação: 12 anos

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