Crítica | The Matrix

Crítica | The Matrix

Conheça a crítica de “The Matrix”, o filme que revolucionou o cinema de inúmeras formas e até hoje influencia grande parte dos realizadores.

Apresentação – Ato 1

Quando um filme apresenta um mundo ou universo novo, é bastante importante a forma que você executará a sua apresentação. Até hoje, temos vários universos extremamente originais, os mais famosos são “Harry Potter”, “Game of Thrones” e também, “The Matrix”. Eu os citei, justamente pra fazer uma certa comparação com o modo que essas obras são apresentadas ao público. “Harry Potter” e “The Matrix” tem formas parecidas de apresentar seus mundos e seus personagens. Hoje em dia, isso é um tanto comum e não tão arriscado para apresentar.

Essa apresentação se constitui em colocar um personagem igual a nós, que não tenha conhecimento nenhum sobre o universo. Ao longo da obra, conforme o personagem passa por eventos e os entende, nós também acompanharemos essa evolução, e evoluiremos junto.

Resumindo, tudo isso é uma fórmula feita pra que não haja “erros”, é um jeito de fazer o filme sem tomar riscos, e com certeza, essa é, pra mim, de certa forma um defeito. Justamente por ser um filme revolucionário, com uma história fascinante, mas, mesmo assim, caiu em técnicas genéricas, o que com certeza incomoda um pouco. Isso não é um grande erro, mas como é um longa que mudou a trajetória do cinema, é importante mostrar que nem mesmo eles fugiram de uma fórmula.

A eficácia da fórmula da imersão

Isso é uma característica do filme que funciona, levando em consideração sua proposta. Dito isso, nós acompanhamos a aventura do Neo (Keanu Reeves) sendo ele mesmo. Assim, nós entramos na Matrix com ele, saímos com ele, nós temos praticamente as mesmas decisões do protagonista, de qual pílula escolher, se queremos ou não salvar o Morpheus, e nós (telespectadores e Neo) gostamos tanto do Morpheus que mesmo sendo perigoso a gente quer salvá-lo, como eu disse, por mais que seja uma técnica batida, ela funciona, e nós nos entendemos com o grupo.

Isso é bastante importante para o desenvolver da história. Dar a imersão na história nos torna um só com o Neo. E é aí que vem a escolha do Keanu Reeves. Como sabemos ele não é um ator ótimo em interpretações faciais, mas seu forte é sim as interpretações corporais. Acredito que o começo da fama do Keanu vem sim de “The Matrix” justamente por suas interpretações corporais e isso se mostra nas cenas de “aprendizagem” quando o Neo faz Downloads de artes marciais para lutar contra o Morpheus para se tornar o possível “escolhido”.

Linguagem corporal

É importante frisar, porque o Neo nos é apresentado como um certo Nerd e se mostra desajeitado, por exemplo, na cena em que os Agentes vão até o prédio dele, e ele foge desastradamente e tem medo de chegar até um andaime, mas logo após um certo avanço do filme, vemos ele treinando artes marciais e por mais que no filme seja a mente dele, sabemos que aquilo ali é o Keanu, é ele fazendo o que sabe fazer, vemos isso ainda hoje em “John Wick”.

Notoriamente, essa interpretação corporal é ainda mais evoluída na luta final contra o Agente Smith e, na melhor cena do filme, que é a invasão do prédio onde o Morpheus está preso. Tenho certeza que essa cena serviu de inspiração pra muito filme hoje em dia.

Filosofia Matrix

Como citado antes, existem filmes com universos bem originais que trazem esse diferencial da história, da sua “ambientalização”. A criatividade dos criadores de “The Matrix” é de se venerar, e até hoje é usado de forma filosófica por causa da sua mensagem. Todo universo criado, é tema de debate nos dias de hoje, tanto sobre a própria Matrix quanto sobre as pílulas. Tais debates excedem os filmes.

O filme foi feito pra ser filosófico mesmo, algumas discussões são feitas desde o começo do filme. O arco do Cypher, que defende uma certa ignorância, já que mesmo não sendo “livres” vivem numa ilusão de liberdade. Numa ilusão que não há sofrimentos e que provavelmente você não vai ter uma vida tão sofrida quanto a sua fora da Matrix. Ou também as cenas do oráculo onde o Neo entende a forma de entortar a colher. Isso são discussões que mostram e enriquecem a qualidade do filme. Qual lado está certo ou errado, aí vai depender de cada telespectador.

Erros de naturalidade

Eles fizeram isso de forma tão orgânica que mascara boa parte dessas exposição, que sabemos que é um erro do roteiro onde foi parcialmente corrigido pela atuação. Principalmente pelo Laurence que era dono da maioria desses diálogos problemáticos.

Porém, o filme peca algumas vezes. Já que precisamos dessa informação junto com o protagonista, o filme precisa andar e, pra isso, algumas informações são dadas de qualquer jeito. Apenas para não nos perdemos durante a obra. Isso resulta em conversas expositivas, porém não fica tão exposto por causa do trabalho dos atores.

Ainda assim, mesmo sendo simpatizante do Neo, os personagens que dão cara e formato ao filme são o Morpheus, o Agente Smith e a Trinity. Morpheus dá vida e realismo ao que chamamos de Matrix, é o guia, tanto nosso quanto do Neo, por causa daquela forma de contar história que eu citei anteriormente. Então nós nos sentimos próximos do Morpheus por ser o nosso “mentor” e guia na trajetória pela Matrix.

Elenco

O Laurence Fishburne trabalha impecavelmente nos dando uma interpretação híbrida. Vemos um Morpheus que sabe ser um líder e confia em si próprio, uma pessoa que daria a vida por um bem maior, carregado de humildade, mas também sabe da sua superioridade em relação às informações.

O Agente Smith é um ótimo antagonista, e o Hugo Weaving precisa fazê-lo de uma forma diferente da genérica, que é aquele robô que não tem expressão facial e é apenas mais uma máquina no mundo. Ele sai dessa onda e cria um robô com uma personalidade fria, e sem escrúpulos em relação à humanidade e também com uma ótima motivação.

A Trinity é uma personagem que honra o termo “Suporting Role” (papel de suporte), que aqui chamamos de coadjuvante. Ela serve exatamente como esse suporte para o personagem do Keanu. Isso é o que faz a preparação do terreno para a mudança do primeiro para o segundo ato, junto com o Morpheus. Isso é interessante, já que no próprio filme a Trinity tem o papel de dar suporte ao Neo. Da mesma forma, isso condiz com o trabalho da Carrie Moss que está num papel de suporte para o Keanu.

Observações

Sobretudo, o grande forte do longa realmente é a história, o que podemos falar sobre acertos técnicos são os efeitos especiais. Eles são muito usados durante todo o filme e os efeitos visuais, que foram determinantes para a evolução do CGI, mesmo sendo estranho de se ver hoje por alguns telespectadores. Mas é totalmente “assistível” pra qualquer pessoa e os erros citados acima não incomodam ao ponto de influenciar na imersão. Principalmente pra os telespectadores que assistem com um intuito apenas de entretenimento.

Matrix, portanto, comete alguns erros e usa algumas técnicas genéricas em certos momentos do filme. Mas cria um universo totalmente novo e fascinante com atores ótimos que dão brilho no olho ao assistir, dando sempre aquele gostinho de quero mais.

Sinopse: Um jovem programador começa a levantar dúvidas sobre a realidade a partir de certas descobertas. Quando encontra os misteriosos Morpheus e Trinity, ele descobre que é vítima da Matrix, um sistema inteligente que manipula as pessoas e cria a ilusão de um mundo real.

Ficha técnica

Avaliação: 4 de 5.

Título: The Matrix
Diretora: Lana Wachowski, Lilly Wachowski
Roteiro: Lana Wachowski, Lilly Wachowski
Elenco: Keanu Reeves, Laurence Fishburne, Hugo Weaving, Carrie-Anne Moss
Gênero: Ficção Científica/Ação
Ano de produção: 1999

Por fim, não deixe de conferir.

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