Crítica – The Batman: diverso, político e investigativo

Crítica – The Batman: diverso, político e investigativo

É fato que a DC há anos vive em alto e baixo com seus lançamentos. Desde a trilogia Nolan, a Warner e a DC não se acertaram com seu universo e se viu cada vez mais perdendo o espaço nas adaptações de quadrinhos para o cinema. Porém, nos últimos anos, tem se mostrado um grande trunfo explorar novos universos como Joker (Todd Phillips, 2019) e apostar num público para além daquele fã dos quadrinhos. The Batman, então, mostra-se mais um desses trunfos. Provando que o universo desse herói tão amado pode ser tão diverso, político e investigativo.

Warner Bros. Pictures/Divulgação

O BATMAN EM SEU ANO 2

Roteirizado e dirigido por Matt Reeves (Trilogia Planeta dos Macacos – A Origem, O Confronto e Guerra) e co-roteirizado por Peter Craig, a obra nos apresenta um jovem Batman ainda (ou já) em seu ano 2. A inexperiência junta-se a sede de vingança, moldando esse temível herói. O homem morcego é logo apresentado como algo temível, mesmo quando sequer está presente. Como o próprio diz, “não se pode salvar todo mundo”. Aqui, Batman torna-se então mais que uma figura pública. Ou seja, como o Coringa no final de seu filme, o vigilante de Gotham se torna uma ideia. É importante isso para os fatos que se sucedem, pois é uma ideia ainda sendo construída, mas que aos poucos vai se provando tão temível quanto.

Robert Pattinson incorpora muito bem o personagem e suas dores. Aliás, estamos acompanhando ainda os primeiros movimentos desse herói. A postura corporal de descrença quando Bruce Wayne e de imponência quando Batman, distinguem bem as duas figuras interpretadas por uma só. Chegando a confundir até mesmo o espectador. E, assim, justificando o porquê de nunca desvendarem quem é o Batman. As cenas de ação convencem e mostram o bom preparo de combate, mesmo que iniciais. São mais agressivos do que pensados.

A Gotham é também um ambiente muito bem recriado. Em meio a chuva, criminalidade e abandono, há um espírito de revolta pairando a população. Ao passo que os ricos continuam mais ricos e detendo o poder.

O BATMAN EM BUSCA DE VINGANÇA, O CHARADA EM BUSCA DA VERDADE

E definitivamente encontraram o vilão necessário para entregar aos fãs o filme do Batman sempre solicitado. Para antagonizar esse jovem e agressivo Batman/Wayne, temos o que para mim é o melhor vilão do homem morcego: O Charada. É claro que a cidade de Gotham em si já é antagonista do vigilante, uma vez permeada pela criminalidade, corrupção e máfia. Mas é Charada quem dita o ritmo da narrativa. Não à toa aparece no filme antes que nosso herói.

Charada pavimenta os caminhos que Wayne precisa para caminhar, entregando finalmente uma narrativa policial e explorando a cada cena o lado detetive do Batman, numa hipnotizante caça ao rato. Paul Dano assombra com sua voz distorcida e movimentos precisos, indicando a falta de força do personagem, por exemplo, ao matar seus oponentes. Torna-se tudo mais cru e palpável ao público sobre como a força dele está muito mais em sua forma de atacar verbalmente a de atacar fisicamente.

Junto ao parceiro James Gordon (Jeffrey Wright), Batman tem um perigo iminente, que a todo momento é tencionado pelas belíssimas cenas de thriller orquestradas pela pulsante trilha sonora de Michael Giacchino. O público, junto ao protagonista, é convidado a embarcar nesse jogo, nessa investigação. Sendo a todo momento distribuídas charadas e inúmeras pistas falsas, como manda a boa cartilha dos filmes policiais.

A propósito, a narrativa lembra muito obras como Se7en (David Fincher, 1995). Onde os detetives são levados pelo antagonista até a possível resolução do grande plano, sendo este muito pessoal para o protagonista. Batman de uma forma ou de outra está nesse esquema. E Wayne é inserido nele mesmo que contra sua vontade.

Nesse ínterim de investigação e dos cerca de 170 minutos de filme, somos apresentados a variados vilões do Batman, com a ajuda do próprio Charada. Com destaque para o Pinguim, onde Colin Farrell aparece irreconhecível com a maquiagem e esbanjando boa atuação. Prometendo muito para possíveis sequências do homem morcego.

THE BAT AND THE CAT

Nessa jornada, ainda sobra tempo para arcos como o da Selina Kyle/Catwoman, aqui incorporada por Zöe Kravitz. É a coadjuvante que mais rouba a cena, quando está em quadro. A potência da personagem está no olhar. Ela inclusive, por trás de uma máscara, consegue entregar um olhar mais penetrante que o próprio Pattinson enquanto Batman. E por possuir uma história de vingança, à la Noiva de Kill Bill, carrega também dores do passado se transformando em ódio. Sua emoção serve também para diferenciar à emoção de Batman, que por sua vez é muito mais razão. E há uma química muito forte em ambos, para além do casal. As cenas de lutas com eles são hipnotizantes e muito bem filmadas.

Cabendo aqui um forte elogio às coreografias e mise-en-scène. Câmera e ator bailam diante dos 24 quadros por segundo, convidando o espectador a bailar seu olhar com eles. As cenas de ação conseguem carregar tensão e muitos socos. Um disclaimer ainda maior para a cena de perseguição entre Batman e Pinguim, onde por fim traz a possível ascensão do herói vista de cabeça para baixo.

Por fim, vale ressaltar apenas o que para mim é o ponto mais baixo do filme, mas que entendo as cartilhas que ele deveria cumprir e o público que seria atingido: o desfecho do herói e do vilão. Sem dar spoilers, como já ressaltado, The Batman peca em apenas nesse ponto. Ao apresentar o filme policial e investigativo tão cobiçado, entregam também desfechos que se não fossem as questões políticas abordadas na obra, beiraria o maniqueísmo. Se, assim como o desfecho de Coringa, não subestimassem seu público e o espectador, teríamos talvez aqui o Batman (nos cinemas) do século. Mas esse título permanece com o segundo filme da trilogia Nolan.

Avaliação: 4 de 5.

Por fim, não deixe de conferir

No entanto, caso você não nos siga; acesse nosso INSTAGRAM assim como fique por dentro de todas as notícias; sorteios; curiosidades e melhores memes do velho oeste; por exemplo.

Além disso, se inscreva em NOSSO CANAL NO YOUTUBE que ao longo da semana trazemos diversos vídeos sendo postados para vocês sobre o universo Geek.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.