Por que você não chora? É importante avisar que o filme é baseado em fatos reais e pode causar algum tipo de gatilho em pessoas hipersensíveis em relação a transtornos psicológicos.
O filme traz uma temática bastante importante nos dias de hoje: Transtornos psicológicos e suas consequências.
Quando Jéssica encontra Bárbara pela primeira vez, há um choque e existe uma pequena identificação por parte da Bárbara e um certo interesse por parte da Jéssica.
Após um tempo, Jéssica inicia sua terapia com Bárbara e, assim, a obra começa de verdade. A escolha de atrizes foi cirúrgica para o desenrolar do filme, a interação da Bárbara Paz (Bárbara) com a Carolina Rosa (Jéssica) é realmente o grande forte do filme, a quebra de camadas das personagens é incrível e feita organicamente. Por vários momentos do longa eu fiquei indeciso sobre quem carregava o posto de protagonista, isso mostra demais a qualidade da interpretação e o bom texto que realizaram para as duas.
A direção de arte merece ser destacada aqui. Por causa do tema, as cores escolhidas eram de suma importância para a imersão do telespectador em relação às personagens. É aqui que nós vemos a diferença, as cores usadas eram condizentes com as personagens, usando cores mais fortes nas roupas da Bárbara e em seu apartamento para demonstrar uma personalidade forte e explosiva. Mas quando se põe a Jéssica em foco, as cores são frias, escuras e com tons de cinza. O quarto da Jéssica é todo azul, verde, e com algumas variações de bege.
Isso é um trabalho que deve ser devidamente reconhecido, pois mostra muito das personagens sem precisar dizer nem uma palavra.
Tudo isso contribuiu para o filme ser o que é, porém, nem tudo são flores. Como eu havia dito, ele põe em foco as duas personagens, o que o faz ser um diferencial, mas a partir do momento que foge daquele meio, ele fica mais lento, mais arrastado.
A obra apresenta alguns exageros que prejudicam a nossa imersão e faz com que seja cansativo, exageros como exposições baratas de personagens, e interpretações rasas da maioria dos atores coadjuvantes.
Da pra notar esse tipo de coisa, principalmente, quando os realizadores explicam a origem de Jessica e Bárbara, quando usam frases rasas como “menino não faz o que quer, faz o que tem que ser feito”, isso mostrava a forma que Jéssica foi criada, ou seja, de forma muito rígida, mas a forma com que foi feito, deixou a cena como mais uma exposição sem “timing”. E por parte da Bárbara, faziam-na achar que ela era incapaz de qualquer coisa para afastá-la do filho, e é aí que o ator mirim fala “por que você me abandonou, mãe?”.
Por mais que ajudem no desenrolar da história, a forma com que nós recebemos a informação e como ela é interpretada pelos outros atores é um grande defeito do filme, a falta de genuinidade. Isso nos deixa menos imerso e também é visível na personagem da irmã mais nova da Jéssica, que está lá apenas pra reforçar o quão difícil a vida da Jéssica é. Não chega a ser um incômodo, porém, não podemos dizer que não é um erro.
Por isso, é notório alguns minutos sobrando, cerca de 10 minutos, já que o filme poderia ser bem mais fluido e empaca nesses tipos de exagero.
Observação: “Por que você não chora?” tem erros, mas a dupla de atrizes, Bárbara e Carolina, nos mostra atuações explosivas e discretas respectivamente, o que nos deixa mais atentos à história que tem uma mensagem forte a nos passar. O filme é no mínimo necessário. O assunto tratado é super importante, principalmente na época que estamos vivendo.
Sinopse:
Jéssica é uma estudante de Psicologia prestes a terminar o curso. Em um de seus estágios ela entra em contato com Bárbara, uma mulher diagnosticada com Transtorno de personalidade Borderline.
Ficha técnica
Título : Por que você não chora?
Diretora: Cibele Amaral
Roteiro: Cibele Amaral
Elenco: Carolina Monte Rosa, Bárbara Paz, Cristiana Oliveira
Gênero: Drama
Ano de produção: 2020
Por fim, não deixe de conferir.
