Neste sábado (19), seria aniversário de um dos músicos mais malucos e criativos que este mundo já viu. Nascido a exatos 84 anos, o baterista Ginger Baker marcou o mundo com seu virtuosismo, e modo de encarar as coisas.
Filho de um pedreiro e de uma vendedora de loja de tabaco, Ginger Baker ficou órfão do pai, que morreu na II Guerra Mundial, em 1943. Cresceu como uma criança atlética, praticante do ciclismo, mas que terminou aprendendo a tocar bateria aos 15 anos.
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Baker se destacou tocando jazz, algo que inclusive ele sempre frisava: Antes de tudo, era um músico de jazz. E rejeitava a ideia de ser um rockstar, ou ter contribuido para o surgimento de outros estilos, como o heavy metal. Baker fez parte da primeira geração de músicos que marcaram a música inglesa entre o fom doas ano 50, e o começo dos anos 60. Ele fez parte da The Blues Incorporated, banda de Alexis Korner, que é pedra fundamental da cena R&B britânica.
A Blues Incorporated contou com uma gama de músicos gigantesca. Por sem uma banda de jams, e de membros não-fixos, era comum que músicos entressem e saíssem da banda para formar outros projetos. Foi o caso de Baker. Na Blues Incorporated, ele conheceu o baixista Jack Bruce. Um amigo e inimigo ao mesmo tempo, os dois eram polos que não se atraiam, mas juntos, tinham uma química gigantesca.
Graham Bond Organization
A The Graham Bond Organization surgiu nesse processo de músicos indo e vindo da Blues Incorporated. Baker, junto de Bruce e do tecladista Graham Bond. Bond era um músico de jazz de primeira, porém, abusou tanto da heroína, que ficou maluco e morreu após se jogar nos trilhos do metrô da estação Finsbury Park, em Londres.
A banda não fez muito sucesso, e Baker e Bruce brigavam dia sim, dia também. Aliás, vale a curiosidade, foi numa dessas brigas que, Baker ameaçou Bruce com uma faca. Episódio que resultou na saída de Bruce da banda. A rivalidade entre os dois músicos é lendária, e contém várias histórias absurdas, o que é tremendamente irônico, dada a química que ambos tinham no palco. Aliás, a discussão que evoluiu para uma ameaça com faca, partiu após Baker se enfurecer com Bruce por ele estar tocando mais alto que o baterista.
Um adendo porém, nessa época, Baker estava com a cabeça enfiada em heroína. Então, mesmo conseguindo tocar regularmente, sua mente não estava lá. Segundo Jack Bruce: “Quando o conheci, ele era um viciado em heroína registrado [na Inglaterra]. Essa era a situação desse país em 63, 64, muito saudável e civilizado porque não havia mercado negro das drogas. Mas Ginger caiu fora do vagão quando tivemos um sucesso inicial no Top Of The Pops. Ele tinha essa coisa que algumas pessoas têm – ele estava com medo do sucesso. Ele faria algo no momento errado, como ter uma overdose no camarim.”
O auge comercial de Baker
Em 1966, Eric Clapton pintou na vida de Ginger Baker e Jack Bruce. O guitarrista que havia surgido para o mundo nos Yardbirds, tinha saído da banda quando ela explodiu. Segundo Clapton, ele nunca aumejou sucessos, mas sim fazer a música que gostava. Assim, no ano de 1966 a revista Melody Maker fez um ranking de melhores instrumentistas do país naquele momento. O resultado não foi outro: Clapton foi eleito o melhor guitarrista, Baker o baterista e Bruce o baixista.
Como se os polos se alinhassem, Ginger foi atrás de Clapton após um show da banda de John Mayall, e sugeriu montar uma banda com o guitarrista. Clapton também pensava no assunto, e colocou como imposição ter Bruce na banda. Baker resistiu, mas após o primeiro ensaio, todos concordavam que juntos, eles davam liga. Assim nascia o Cream, uma das bandas mais importantes da história da música, e foi a precursora dos power trios.
O Cream ganhou esse nome por exatamente ter o creme do creme dos músicos, cada um em seus instrumentos. Foi durante a organização inicial da banda, que eles decidiram que Bruce seria o vocalista principal do grupo.
A mistura de blues, jazz e rock, com guitarras amplificadas, bateria alta, som amplificado e muito improviso nas canções tornaram o Cream uma banda única e precursora da sonoridade que depois ficou mais popular ainda com a década que viria.
Sucesso e vida curta do Cream
Esse foi sem dúvidas, o auge de sucesso comercial de Baker. O Cream contava com a forte presença da sua parte instrumental, e Baker mostrava todo seu arsenal na bateria. Ele misturava jazz, blues e rock, com uma agressividade e um tempo único na bateria. Vale dizer ainda que, mesmo tendo seus problemas com drogas, Baker era exigente consigo e com outros quando se tratava de partituras e tempo. Foi dai inclusive que seu lado sincerão veio mais a tona, e não faltaram críticas dele a vários outros músicos.
Aqui uma outra curiosidade, dessa vez sobre esse que vos escreve: Eu perdi literalmente uma porcentagem da minha audição do ouvido direito, de tanto ouvir Cream. Mais especificamente o álbum Disraeli Gears, de 1967.
O lado triste do Cream veio a tona bem rápido. Como já dito nas linhas acima, Ginger Baker e Jack Bruce não se davam, e junto disso, surgiu um Eric Clapton que se afundava em drogas e álcool, na medida em que ele começava a se apaixonar por Pattie Boyd, namorada de um de seus melhores amigos: George Harrison.
Assim, após três excelentes álbuns, Fresh Cream, Disraeli Gears e Wheels of Fire, a banda chegou ao fim em 1968. O seu último álbum, chamado Goodbye, é um registro ao vivo, e a banda já estava separada. Isso mesmo, o Cream marcou seu nome na história da música, tendo existido por apenas 3 anos.
Ginger e suas aventuras surreais
Após o fim do Cream, Baker caiu de paraquedas no supergrupo Blind Faith, que também contava com Eric Clapton. De paraquedas pois, Baker entrou no grupo após saber num jornal que Clapton estaria montado o grupo com o músico Steve Winwood. O grupo fez apenas um álbum, e Baker se viu livre na música mais uma vez.
É na década de 70 que o baterista fez de tudo um pouco. Primeiro ele teve a Ginger Baker’s Air Force, grupo que ele montou que foi conhecido por suas jams poderosas e longas. Mais uma vez, o grupo durou pouco, e Baker foi morar na Nigéria durante o resto dos anos 70. Por lá ele montou um conhecido estúdio, e fez uma parceira com Fela Kuti no aclamado álbum Live, de 1971. Por Baker se envolver com Kuti, ele acabou entrando na mira do regime militar nigeriano da época, pois Kuti fazia duras críticas a junta em suas obras.
Após seu estúdio ser destruído, Baker foi morar na Itália, onde passou boa parte da década de 80 recluso. Ele mais uma vez se mudou, dessa vez para o Colorado, nos Estados Unidos, entre 1993 e 1999. Baker sempre teve problemas com a lei, e nos EUA isso não seria diferente. Um dos motivos para ele ir morar nos Estados Unidos, era sua paixão pelo polo, porém, seus problemas com a imigração o fizeram se mudar para a África do Sul em 1999. Pais este que ele viveu até sua morte, em 2019.
Um deus das baquetas
Sempre que pensamos em grandes bateristas da história, em especial no rock, as pessoas acabam escolhendo John Bonham, Keith Moon ou Neil Peart. Obviamente esses nomes não eram qualquer coisa, mas Ginger Baker foi um talento único. Segundo a própria Rolling Stone, que elegeu Baker o terceiro maior baterista da história: ”Baker foi um baterista que praticamente inventou o solo de bateria de rock”.
Baker foi pioneiro em mesclar jazz e ritmos africanos e foi pioneiro tanto no jazz fusion quanto na world music. Além disso, estamos falando de um dos primeros bateristas usar bumbos duplos, isso sem falar que é considerado o pai do solo de bateria na música. Isso porque, na música Toad do Cream, Baker soca sua bateria por longos e belos 5 minutos. Louco num nível que deixa Keith Richards no chinelo, Baker era uma força da natureza, e jamais pode ser esquecido.
Ouçam o Cream, e seus trabalhos com Fela Kuti pessoal. Se aprofundem na obra deste homem.
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