Glass Onion: Um mistério Knives Out é a continuação de Entre facas e segredos, de 2019, que por sua vez é o meu filme favorito do gênero “Quem matou?”. O primeiro capítulo da saga knives out é surpreendente, disruptivo, criativo, inteligente, subversivo e extremamente bem escrito e atuado. Rian Johnson inclusive conseguiu com esse longa recuperar a minha completa admiração pelo seu trabalho, após ter perdido parte dela em Star Wars VIII.
Pois bem, com um sucesso desse tamanho, uma sequência já era quase uma certeza. E sabendo do potencial da franquia e do cineasta, a netflix despejou rios de dinheiro para tornar a série Knives Out um dos cargos chefe de seu catálogo.
Rian, é claro, não pestanejou em aceitar a oferta e imediatamente começou a escrever um novo roteiro em 2020. E 3 anos após o lançamento de Entre facas e segredos, sua continuação chega na vermelhinha, com altas expectativas.
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E após assistir Glass Onion: Um mistério Knives Out (péssimo título aliás), eu posso, para meu alívio, informar a vocês que Rian não nos decepcionou.
Glass Onion é um baita de um filme, como esperado. Tem ótimas atuações, um roteiro inteligente, uma fotografia belíssima(melhor que a do primeiro, inclusive), uma montagem criativa, um enredo surpreendente, personagens intrigantes, críticas sociais bem colocadas, e, acima de tudo, um mistério intrigante e bem construído. Quase tudo o que Entre facas e segredos acertou, sua continuação também acerta.
Mas infelizmente, existe esse quase…
Os elefantes na sala
Tem 2 aspectos dessa obra que eu não gostei nem um pouco, e que me fazem preferir a sua predecessora.
Primeiramente, os diálogos. Apesar do roteiro ser ótimo, boa parte de seus diálogos são artificiais demais, até para uma produção do gênero. Os confrontos entre personagens ocorrem de forma natural, mas muitas vezes as falas usadas nos mesmos soam formulaicos, ou pior, fabricados.
Entre facas e segredos não tinha esse problema. Todos os seus diálogos, incluindo os mais expositivos e clichês, eram muito bem escritos e performados.
Mas em Glass Onion, com exceção de certas partes em que tal artificialidade é proposital, peca muito nesse setor
E meu outro problema está em um plot twist relativo à “morte” de um dos suspeitos. A maneira com a qual ele foi concebido é tão clichê, tão preguiçosa e tão dissonante com o resto do longa que parece até que o Rian Johnson foi dar uma volta no parque e deixou um estagiário escrever essa parte do ennredo.
Muito ruim mesmo, de longe a parte mais broxante e decepcionante da produção, não só por não passar de uma saída fácil para prosseguir com a narrativa, como também pela cena ter sido feita da maneira mais lugar comum e vulgar do gênero.
Tal acontecimento gera consequências interessantes eu admito, mas eles poderiam facilmente obter o mesmo resultado de uma forma menos descarada. E quando nos estamos falando de um cineasta que gosta de se rotular como uma mente disruptora e criativa, inserir uma cena dessas em sua criação é no mínimo um erro crasso e no máximo uma completa hipocrisia.
Mas tirando isso…
Glass Onion: Um mistério Knives out é um baita de um filmaço que merece todo o hype que está tendo.
Rian Johnson conseguiu mais uma vez provar o grande cineasta e roteirista que é, e eu espero que ele continue nos entregando cada vez mais produções como essa ano após ano.
Só que da próxima vez, vê se escolhe um nome melhorzinho pra sua obra. De preferência um que não seja tão longo e que não pareça o título de um livro de psicologia.
Ficha Técnica
Título original: Glass Onion: A Knives Out mystery
Direção: Rian Johnson
Duração: 139 minutos
País: EUA
Gênero: Mistério e Detetive
Ano: 2022
Classificação: 16 anos
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