Os Banshees de Inisherin - Martin McDonagh e sua visão do absurdo

Martin McDonagh ganhou fama no circuito cinematográfico por seus filmes teram um humor sombrio, mórbido algumas vezes, mas sempre explorando ao máximo as relações entre seus personagens. Em Banshees de Inisherin, McDonagh traz Colin Farrell e Brendan Gleeson contracenando mais uma vez em um filme seu, os dois estavam em Na Mira do Chefe (2008), e repetem aqui, um bom entrosamento em tela.

No longa, vemos a amizade entre os personagens de Ferrell (Pádraic) e Gleeson (Colm), se desfazer após Colm optar por fazer algo de grande na vida, no caso registrar o maior número possível de músicas. Ao longo do filme, vemos o quão longe alguém pode ir apenas para ter um pouco de paz.

Vale a pena?

Os Banshees de Inisherin é um filme que tenta, através de seu humor sombrio, explorar o absurdo das relações humanas, e criar um alívio cômico, quase sútil, por meio desses absurdos. Se analisarmos com profundidade, vemos que a narrativa do filme é vazia, esteriotipada em alguns momentos, mas por açguns, ela se sustenta. O que da vida ao filme de McDonagh são as atuações de Ferrell e Gleeson, que tiram o máximo de seus personagens, se valendo da química que ambos possuem quando trabalham juntos.

Para alguns, ainda pode passar despercebido o pano de fundo do longa, que aqui é a Guerra Cívil Irlandesa. Mas o filme apenas passa por isso com suas tomadas em plano aberto, e pouco direcionam o filme. McDonagh tem uma carreira grande no teatro, e aqui é possível sentir, já que o filme tem uma dinâmica teatral óbvia, e talvez, esse ritmo, que é mais lento, possa ter atrapalhado um pouco o diretor.

O longa tem destaque para atuações, além de Gleeson e Ferrell obviamente, um deles é Kerry Condon. E, embora tenha sido indicado ao Oscar a ator coadjuvante, juntamente de Gleeson, a atuação de Barry Keoghan não me agradou. Ele por vezes soa forçado e ultra caricato, sendo quem talvez, mais mostre o lado esteriotipado do longa.

Martin McDonagh fez um filme morno, que não se sustenta no seu absurdo, que é exatamente onde ele perde muito de seu propósito. Mesmo assim, acho que o filme é superior ao último longa do diretor (Três Anúncios para um Crime), mas derrapa por tentar ser esse drama, que se desenrola no tom cômico e absurdo, mas que apenas se torna vazio no fim.

Os Banshees de Inisherin estreia essa semana nos cinemas brasileiros.