Review – “Quantas Vezes Você Já Foi Amado?”, de Baco Exu do Blues

Review – “Quantas Vezes Você Já Foi Amado?”, de Baco Exu do Blues

Lançado no último dia 26 de janeiro, o 3º álbum de estúdio do rapper soteropolitano Baco Exu do Blues intitula-se Quantas Vezes Você Já Foi Amado? (QVVJFA). Trafegando em camadas sobre o amor, para tratar em sua subcamada toda uma questão ligada a autoestima e a posição atual ocupada pelo rapper em mais de 6 anos de carreira. Junto a isso, soma-se o ódio, as inseguranças e, sobretudo, a sobrevivência. Em uma obra à primeira vista distinta das anteriores, mas que aos poucos se mostra tratar dos mesmos temas e pesos carregados pelo artista.

Baco Exu do Blues sobre amores

Em seu primeiro álbum Esú, após o boom da faixa Sulicídio (feita em parceria com Diomedes Chinaski), todo o país conheceu o rapper com a faixa Te Amo Desgraça que figurou nas paradas de sucesso e marcou seu nome no cenário musical. Quase que furando a bolha de seu público anterior. O peso dessa lovesong parece ter o carregado por um bom tempo, com outras tentativas de emplacar o mesmo sucesso desta (e conseguindo com Me Desculpa Jay-Z, talvez seja até a mais notada do autor), sem tanto êxito. Tanto musicalmente, quanto em retorno do público.

O álbum em seu título e nas primeiras faixas, parece ter um foco no amor. Seja quando Baco anuncia “eu sinto tanta raiva, que amar parece errado”, logo na primeira frase do disco. Ou quando trata de “histórias de amor” nas faixas seguintes Dois Amores, Cigana, 20 Ligações, Mulheres Grandes, Samba in Paris e Sei Partir. Todas em um processo quase que gradualmente transicional para a subcamada que me debruçarei mais adiante.

E aqui temos o grande trunfo do álbum e da história que Baco nos conta nessa linha narrativa trágica. Há um certo equilíbrio mesmo quando o álbum se dedica ao amor. Em meio a este, há também resquícios de um certo ódio, um desapego, uma desconfiança por parte do eu lírico. E que o ouvinte vai entendendo ao decorrer da narrativa. Mesmo que já prenunciado na primeira frase do disco.

Dos amores à autoestima

E nesse processo transicional, a partir de Autoestima Baco nos apresenta explicitamente seu alvo nesse disco. As questões raciais estão imbricadas nisso, uma vez que as marcas de um passado recente continuam latentes na pele do homem (e da mulher) negre. É o que o próprio explicita quando diz que “foram vinte e cinco anos pra eu me achar lindo”. E tudo isso carrega uma dor, que tenta ser compensada nas mais diversas formas. Aqui acredito que até no amor, ou na transa forte, há essa tentativa de compensação, uma vez sendo um campo desconhecido para o eu lírico, junto a também falta de afeto. O amor e afeto aqui também são vistos como uma construção histórica e estrutural, não sendo algo que se resolve do dia para noite, com apenas uma mudança de gosto.

Tais faltas parecem seguir até hoje. Mas ele faz questão de disfarçar. Não se sente no direito de sentir essa dor. Confessando até mesmo para sua amada que tem medo. Baco também faz questão de afirmar também que “não há nada de branco nesse preto rico” na faixa Inimigos. Tema esse já abordado pelo artista no álbum Bluesman, onde ele se debruça sobre como tudo que era negro só foi aceito após virar branco.

Foto: Roncca / Divulgação

As referências seguem na obra de Baco Exu do Blues

Junto a essa trajetória trágica, somam-se as mais variadas referencias. De BaVi (abreviação dada ao clássico entre as equipes de futebol Bahia e Vitória) à Marvel, de Doja Cat à Childish Gambino. Baco nos brinda com as alusões afiadas de sempre. Presente também nos mais variados samples de Gal Costa, Vinicius de Moraes, Originais do Samba e pontos de Umbanda. Há também as belas e pontuais participações de Gloria Groove e Muse Maya, trazendo tons mais graves e sensuais nas respectivas canções Samba in Paris e Sei Partir.

Quantas Vezes Você Já Foi Amado? Inaugura bem o ano de 2022 e larga na frente como um dos melhores discos do ano, seguindo a alta beleza e complexidade das demais obras de Baco Exu do Blues que podem (e devem) ser analisadas faixa a faixa. Com um poço de referências, o rapper trafega em discussões sobre amor e afetividade, para debruçar-se melhor sobre questões ainda mais pessoais sobre autoestima, medos e ódio.

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