Saltburn | A Cultura do Exagero

Saltburn | A Cultura do Exagero

Saltburn, original Prime Video, é a grande aposta da empresa para essa temporada de premiação. O filme trata de uma amizade improvável entre um bolsista introvertido e um aluno extremamente popular na Universidade de Oxford. Após saber da morte de seu pai, Oliver aceita o convite de Felix para passar as férias de verão na região de Saltburn. Dessa forma, a dinâmica na mansão de Saltburn muda completamente em níveis colossais.

Emerald Fennell é a grande idealizadora dessa obra, sendo conhecida anteriormente pelo bom trabalho em “Bela Vingança” com um Oscar de melhor roteiro pelo filme. Acredito que a ideia de trazer algo que dança entre a realidade e a imaginação é a sua grande sacada. Tanto em “Saltburn”, do Prime Video, quanto em “Bela Vingança”, sinto que os acontecimentos são fisicamente possíveis, mas a probabilidade de tudo isso acontecer é muito baixa. Dito isso, a imersão de um telespectador depende muito se ele próprio compra o que a narrativa estabeleceu.

Vale a Pena?

O filme propõe uma dinâmica totalmente original e efetiva. O primeiro ato mostra acontecimentos palpáveis, mas improváveis, o que nos desperta curiosidade para continuar o filme. Uma vez entendendo a dinâmica, começamos a nos situar durante a família e como cada um gosta de agir. Assim, após a apresentação de tudo, o filme começa a propor dinâmicas diferentes, você percebe singelas fagulhas de interesse, maldade, egoísmo, tudo isso disfarçado de formalidades por todos dentro da mansão. Assim como a sinopse não diz nada sobre o desenrolar do filme, o primeiro ato te prepara pra algo que não vai acontecer.

Entretanto, o que, pra mim, é determinante sobre a imersão e a dedicação ao filme é o quão profundo você consegue mergulhar nas narrativas que o filme expõe. Apesar de ser simples e possível, todos os acontecimentos a partir do segundo ato me levam a crer que isso tudo é uma grande fantasia, apesar de tudo ser possível. Nada aqui é fisicamente impossível, mas é tão longe da nossa realidade que é difícil se pôr no lugar dos personagens. Exceto pelo Oliver, interpretado pelo Barry Keoghan e pela Elspeth, interpretada pela Rosamund Pike. Apesar dos exageros atribuídos aos personagens, o trabalho feito aqui tem uma sensibilidade muito alta.

Contudo, esse teor de fantasia me deixou um tanto incomodado durante o passar do filme. Eu não sabia até que ponto era comum ou se apareceria um vampiro no ato final. Essa sensação me fez enxergar as coisas de formas menos palpáveis, mas eu sabia que aquilo seria amarrado.

Considerações

Apesar de ser algo negativo pra mim, essas escolhas são tomadas de forma consciente pela diretora e é uma grande aposta para um filme. Dito isso, os exageros se justificam, a mudança de direcionamento e o teor sexual, intenso, perigoso e misterioso, são todos feitos de forma consciente. A ideia é apostar em um público-alvo e fazer da proposta algo único. As cenas do Oliver e da Venetia provam esse ponto, tanto a cena em que eles se relacionam, quanto o diálogo na banheira.

O filme traz uma narrativa desamarrada de forma proposital durante os dois primeiros atos, sabemos de tudo de forma parcial e é isso que o filme quer. A obra mostra pontos estratégicos e pontuais para causar reações esperadas. A diretora e roteirista demonstra domínio de muitas técnicas ao trazer um final intenso, cheio de camadas e esclarecedor. Em poucos minutos, o filme mostra as peças restantes do quebra-cabeça e as retira de forma proposital para mostrar a ideia total do filme e como a diretora pensou e executou tudo.

“Saltburn”, do Prime Video, é tecnicamente perfeito, traz atuações magníficas e uma trama extremamente original, porém arrisca no excesso e pode trazer uma ideia bem polarizada do filme. A obra exagera nas frases de efeito e nos elementos visuais, mas não erra por incompetência, tudo é escolhido e feito de forma consciente mostrando um filme extremamente original, cheio de personalidade e que, por isso, pode não agradar a muitos.

Avaliação: 3.5 de 5.

Trailer do Filme

Ficha Técnica

Título Original: Saltburn
Direção: Emerald Fennell
Roteiro: Emerald Fennell
Duração: 127 minutos
País: Reino Unido
Gênero: Drama
Ano: 2023
Classificação: 18

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