Spiderhead (2022) é o novo filme que chegou ao catálogo da Netflix. O longa é baseado no conto de George Saunders. Uma distopia intitulada de “Escape From Spiderhead”. Uma ficção-científica que se passa em uma detenção “moderna” centrado em dois personagens.
Spiderhead tem direção de Joseph Kosinski, responsável por Top Gun: Maverick. O filme mantém a essência da história original. Uma distopia onde os presos tem que usar um dispositivo que libera drogas em seus corpos. Drogas essas que manipulam suas mentes a mercê do “chefe”. Todos pensam que estão sendo voluntários para criar uma droga que ajude os outros. Contudo, estão ajudando a criar uma droga contra a liberdade de escolha. E esse vai ser a discussão do filme. Pelo menos deveria.
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Distopias similares, mesmo dilema
Quem tem um pouco de tempo e investe isso em leitura deve conhecer obras como “Nós”, “Neuromancer”, “fahrenheit 451” e “1984”, que é a versão famosa de “Nós”. Todas essas obras e muitas obras questionam a questão de que “será que a humanidade seria melhor sem sua liberdade de decisão?”. Além disso, já tivemos a prova de alguma dessas coisas na vida real, como governo nazista ou pegando mais para perto a Ditadura Militar de 1964. Mesmo sabendo que algumas intervenções são necessárias, a ideia de controlar por completo as decisões humanas, por meio de violência ou pior, com drogas é um dilema fascista. Por mais que a desculpa seja “paz e harmonia” como usada no filme ou em outras obras literárias.
Atuação “De Milhões”
Primeiramente, gostaria de deixar um enorme adendo para Miles Teller. O jovem ator está atualmente com Top Gun: Maverick, onde dá um show. E em Spiderhead não é minimamente diferente. Ele consegue ir de um personagem apático (artifício do roteiro) para um “salvador”. Mesmo que o terceiro ato seja o mais fraco.
Chris Hemsworth, tem uma atuação extravagante, por assim dizer. É delirante a forma que ele conduz o filme. Um protagonista nato. Ele consegue deixar o telespectador sentir o filme, além disso, ele dita muito bem o ritmo do filme com sua atuação, principalmente na questão dos experimentos. Contudo, o problema do filme está justamente em pegar essas duas boas atuações e não utilizar para desenvolver a discussão central do filme. Que é simplesmente esquecida no final.
Terceiro ato enterrou o filme
Os dois primeiros atos são conduzidos de forma muito espalhafatosa, em um bom sentido. Com atuações extravagantes e singulares. Vai nos envolvendo do ritmo certo no contexto da prisão, descobrimos coisas, que já estavam ali para gente pescar, mas que melhora a imersão. Miles Teller e Chris Hemsworth, vão ali juntos criando uma química muito boa em cena. Descobrimos a verdade sobre as drogas e principalmente sobre os planos do protagonista Steve (Chris Hemsworth). Contudo, o terceiro ato, mata tudo isso, transformando Spiderhead em um clichê de ação.
O conto da The New Yorker nos joga numa discussão real sobre o livre-arbítrio. Mas o longa estraga isso quando teve tudo nas mãos para se aprofundar. Somos jogados em uma roda rasa sobre “paz e harmonia”. Em um mundo onde ninguém fizesse mal algum. Tudo isso, porque Steve foi abandonado na infância e agora cria esse rancor. Toda discussão é resumida a um trauma de infância. O longa, poderia ser melhor, mas o diretor preferiu ficar na zona de conforto, do que se aventurar em uma “brisa filosófica”. O porto seguro foi uma boa escolha, mas o medo de voar, manteve o filme na zona do mediano. Mas que vai garanti o Top 10 da Netflix fácil para Spiderhead
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Ficha Técnica
Direção: Joseph Kosinski
Roteiro: Rhett Reese e Paul Wernick, baseado em conto do The New Yorker
Duração: 104 minutos
País: Estados Unidos
Gênero: Ficção-Científica e Drama
Ano: 2022
Classificação: 16 anos