Tão bizarro quanto uma laranja mecânica.

Tão bizarro quanto uma laranja mecânica.

Antes de tudo “Laranja Mecânica”, fruto de Staley Kubrick, baseado no romance de Anthony Burgess de 1962 e lançado nas telas em 1972, não carrega essas datas por mero acaso. O período se encontra no coração da Guerra fria. Onde países socialistas dirigidos pela União Soviética e capitalistas comandados pelos EUA se contrapõem. Burgess e Kubrick mesclam o inglês de Alex, personagem principal da obra, com palavras russas, assim como duas sociedades diferentes se misturavam. A arbitrariedade e caráter ditatorial da União Soviética com os meros resquícios de democracia que a Inglaterra e os EUA carregavam. Uma analogia que dá fundo para obra avassaladora que Laranja Mecânica é em todos os sentidos.

Primordialmente uma narrativa que pode ser vista como um diagnóstico de uma época sumamente pessimista. Um todo de pessimismo em relação as possiblidades de emancipação da história e do próprio ser humano. Inconclusiva, sem poder de fato, identificar a natureza do mal e dos impulsos mais violentos, carrega com si a imortalidade.

Sobre a obra:

Antes de mais nada, ambientada na Inglaterra, em um futuro distópico, ” Laranja Mecânica” retrata o jovem Alex DeLager. Líder de uma (gangue) britânica, intitulada ”Druguis” (palavra originária do russo druk, amigo), que satisfaz suas paixões e desejos juvenis entorpecendo-se e praticando a violência em todas as esferas imagináveis.

Carregando gostos peculiares que vão desde Beethoven até o estupro Alex e sua gangue são exibidos praticando a ultraviolência e se deliciando com a mesma. Não a toa uma das cenas mais marcantes do filme, se passa com a realização de um estupro enquanto cantam ”Singin’ in the Rain”.

Nesse sentido, em meio a alucinação e caos, um dos atos dá errado e Alex acaba matando uma pessoa. Assim ao se tornar um homicida é preso. Posteriormente, na cadeia é usado para um tratamento experimental, intitulado ”técnica de Ludovico” . Talvez não seja mera conhecidência a escolha do músico preferido de Alex: Beethoven Ludwig. Por meio da exposição massiva de cenas de ultraviolência que Alex é obrigado a assistir, o tratamento promete sanar o desejo de violência e se não isso, fazer com que Alex se sinta enojado diante delas.

Em suma, ao final do experimento Alex não consegue mais praticar a ultraviolência. Entretanto não consegue ouvir Beethoven. O personagem deixa de ser um ser moral. Não tem mais a capacidade de escolher entre o bem e o mal. Assim como seus gostos, impulsos e desejos deixa também sua liberdade. Enfim se torna tão bizarro quanto uma laranja mecânica.

Curiosidades:

  • O autor do livro inventou um idioma, o Nadsat. Idioma que se baseia nas línguas eslava. No russo e no cockney (rimas da classe operária britânica).
  • O filme tem erros de continuidade propositais, com o objetivo de confundir o espectador.
  • Alex cantando “Singing in the Rain” não fazia parte do roteiro. O diretor filmou a cena várias vezes, mas estava faltando algo, então pediu que o ator cantasse e dançasse. Essa foi a música que ele lembrou no momento.
  • A cena dos prisioneiros andando em círculos no pátio, recria o quadro de Vincent van Gogh, Prisioneiros se Exercitando (1890).
quadro

Stanley Kubrick: diretor do filme Laranja Mecânica

kubrick

Por fim, Stanley Kubrick (26 de julho de 1928 – 7 de março de 1999) foi um diretor, roteirista e produtor de cinema norte- americano. Um dos maiores diretores de cinema de todos os tempos, criou filmes altamente polêmicos que conduzem a reflexões sobre a humanidade e a vida em sociedade.

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