Woody Allen: um Dostoiévskiano.

Woody Allen: um Dostoiévskiano.

Woody Allen traz para as telas as principais temáticas presentes nas obras do escritor russo Fiódor Dostoiévski.

A primeira vista o cineasta Woody Allen sempre dispôs de muita liberdade ao produzir suas obras. Não é a toa que seu primeiro filme ¨O que Há Tigresa?¨ (What’s up Tiger Lily —1966), consistiu apenas em editar dois filmes japoneses, em cima dos quais se fez uma dublagem em inglês. O resultado foi uma história confusa e sem sentido. Três anos depois Allen estreia de fato, como diretor em ¨Um Assaltante Bem Trapalhão¨ (Take the Money and Run — 1969). Só em 1971 começa ganhar o respeito da crítica ao trazer suas leituras para o cinema, sobretudo referências da literatura russa e Dostoiévski.

Antes de mais nada, para o diretor interessa as questões e os debates filosóficos: a liberdade do homem em um possível mundo sem Deus, o destino, as responsabilidades e a culpa. Qualquer semelhança com as questões levantadas pelo autor russo não é mero acaso. Através desses temas o cineasta revela sua leitura particular de Dostoiévsk, com destaque para obra ¨Crime e Castigo¨ nos seus filmes de maior sucesso, como ¨Matche Point¨ e ¨Crimes e Pecados¨.

Além disso, até mesmo os personagens de Allen expõem a paixão do cineasta. Em diversas cenas alguém aparece lendo alguma obra do escritor russo. Nesse sentido, as ligações entre cinema e literatura se tornaram uma das principais marcas do roteirista.

Seria possível Woody Allen ¨atualizar¨ Dostoiévski?

Deve-se lembrar que Dostoiévsk é escritor, acima de tudo filosófico. Preocupado afinal em discutir questões que se referem a humanidade no passado, presente e futuro. Seus romances abordam dúvidas e temáticas que existiam muito antes de suas obras virem ao mundo e que continuam após sua morte. Dessa forma é perfeitamente possível que sejam revividas por Allen.

A questão que não resta dúvida é que Woody Allen é de fato um Dostoiévskiano, se não isso, reconhece a grandiosidade de Fiódor Dostoiévski. Autor que é mantido vivo, seja pela imortalidade e riqueza de suas obras, seja pelo cinema praticado por grandes cineastas.

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