1984 é uma obra escrita por George Orwell lançada em 1949. Ela fez e faz muito sucesso pelo mundo, conquistando assim diversas edições. A distopia de Orwell retrata o eterno embate do indivíduo vs. sociedade e, consequentemente, contra os ideais de um governo totalitário.
Esse é um review/crítica em parceria com a Livraria Leitura, que nos disponibilizou o exemplar de 1984. Confira o instagram deles, logo após finalizar a leitura do artigo.
Conhecendo 1984
A princípio, a história se contrói em um plano de fundo pós-guerras mundiais, o que faz do livro distópico. Nesse cenário, o superestado de Oceania é governado por um regime totalitário, representado em grande parte pelo Partido. Desse modo, o Partido é representado por uma figura cujo rosto pode ser facilmente encontrado em todos os lugares: O Grande Irmão.
Logo que começamos a leitura, somos apresentados a Winston Smith, um homem comum que trabalha no Ministério da Verdade. Winston é casado, mas nunca teve filhos e se encontra num estado de desespero por começar um diário. Aqui, o ato de pensar qualquer coisa que se contraponha aos ideais do governo é chamado de crimepensar, e representa a traição contra a ideologia máxima do partido.
GUERRA É PAZ
LIBERDADE É ESCRAVIDÃO
IGNORÂNCIA É FORÇA
O livro inteiro gira em torno das ações de Winston e o que virá a seguir, quando ele for descoberto. À medida que a história passa, somos inseridos mais a fundo na forma como a sociedade funciona. Por exemplo, no jeito como tudo se torna manipulável: o passado, a linguagem, o pensamento etc. O governo consegue controlar cada aspecto na vida dos cidadãos de Londres.
Nesse sentido, podemos perceber como o Partido possui a mente de cada indivíduo. Dessa forma, a massa sofre manipulação. Como na “juventude hitlerista”, os jovens de Oceania tem mais laços com a própria vertente ideológica que com qualquer outra figura de autoridade. Sua lealdade e obediencia são do Partido, e só ele. E como consequência disso, muitos filhos entregam os pais para a Polícia do Pensar.
Sinopse
“Em uma sociedade extremamente regulada e aterrorizada por um regime totalitário, Winston Smith se sente encurralado. Funcionário público no Ministério da Verdade, onde trabalha alterando documentos para atender aos interesses do Partido, ele se vê desiludido com o sistema e com a própria existência.
O desejo de se rebelar, porém, esbarra na constante vigilância das teletelas e no aparato repressivo do governo, que transformou a liberdade e a individualidade em crimes e persegue quem ousa desafiar as suas regras.
Ao se aventurar em um romance secreto com Julia, com quem partilha o desprezo pelo Partido, Winston percebe que sua ânsia pela verdade pode se tornar uma possibilidade real de mudança. Mas combater o regime não será nada fácil, e o Grande Irmão cobrará seu preço.”
Considerações sobre a história
Apesar de ter uma ótima construção em relação ao enredo principal, a narrativa de Orwell é muito repetitiva. A repetição contínua de informações como retomada do assunto a torna, por vezes, massante. A verdade é que o personagem principal não é muito interessante. Isto é, Winston não passa de um homem solitário de 39 anos que não se desprende, em grande parte do tempo, de ideais misóginos. De acordo com o personagem, mulheres não passam de peças massificadas que acreditam em tudo o que o governo diz. E com isso, não tem capacidade de pensar. Ao passo que em muitos momentos o protagonista revela ter desejo de violentar uma das personagem.
Além disso, Orwell tem certa insistência na descrição de algumas figuras como animais. Essa escolha de descrição acaba sendo incômoda. À exemplo, na comparação de judeus com ovelhas (ao falar de Goldstein). Talvez isso faça parte do desenvolvimento próprio de Winston, mas acredito que o escritor poderia encontrar outras formas de passar esse jeito desprezível. Mesmo que Smith não seja exatamente o alvo de desprezo no livro.
Porém, nem tudo é ruim. As escolhas de Orwell em relação às formas de dominação social são muito boas. A manipulação do passado me faz lembrar da frase de Burke: “Um povo que não conhece sua História está fadado a repeti-la”. Se o passado não é definitivo, então como poderia a população conhecê-lo? Como poderia a população se revoltar contra o regime? Além disso, a linguagem é uma das peças chave para a manutenção do que eles chamam de crimeparar. Se o processo de comunicação começa no pensamento, e a população mal consegue criá-lo, como seria possível formular uma ideia contrária à do governo totalitarista? Dessa forma, a manipulação é anterior ao próprio ato de pensar.
No entanto, a única coisa que me move até o fim da leitura é a questão que move todo o enredo: Winston será ou não pego? A Irmandade existe?
Mas e aí? Vale a pena?
O final não me agradou tanto, porém. Orwell não consegue reponder muitas das perguntas que ele mesmo lançou durante toda a história. Atrelado a isso, o desenvolvimento pobre de boa parte dos personagens deixa o leitor com as sobrancelhas arqueadas por toda a leitura.
Entretanto, ao contrário do que muitos podem pensar, incentivo e muito a leitura de 1984. Existem muitas semelhanças com a sociedade em que vivemos e que devem ser percebidas pelo público. Mesmo sendo de 1949, o livro continua atual no que se propõe.
Da Edição de 1984
Com os 70 anos da morte de Orwell, seus livros granharam diversas edições pelo mundo. No Brasil, editoras fizeram todo um trabalho editorial maravilhoso. Além da capa, o livro ganhou ilustrações internas que fazem a experiência de leitura mais agradável do que nunca. A edição é acompanhada por um marcador de brinde, com tradução de Aline Storto Pereira e ilustrações de Butcher Billie e Cibelle Arcanjo.
Sobre o Autor
“George Orwell, pseudônimo de Eric Arthur Blair, nasceu na Índia Britânica em 1903. Filho de um funcionário público a serviço da Coroa, foi educado na Inglaterra. Após a conclusão do ensino médio, ingressou na Polícia Imperial Indiana, onde serviu até 1927, quando decidiu se dedicar à carreira de escritor. Assim, lutou na Guerra Civil Espanhola e fez parte da milícia do Partido Operário de Unificação Marxista. Ao longo dos anos 1930 e 1940 também atuou como jornalista, expressando os grandes dilemas de sua geração por meio de seus textos. Autor profícuo de artigos, ensaios, poemas e livros, escreveu dois dos romances de ficção mais importantes do século 20: A revolução dos bichos e 1984. Faleceu em 1950, em Londres, aos 46 anos.” (Editora Aleph)
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