Jogo Justo (Netflix) | A masculinidade frágil em foco

Jogo Justo (Netflix) | A masculinidade frágil em foco

Jogo Justo, filme que a Netflix adiciona em seu catálogo nesta sexta-feira, resgata a essência dos clássicos thrillers eróticos dos anos 90, em especial Instinto Selvagem. Adquirido pela Netflix no festival de Sundance, o longa recebeu bons elogios, com o ponto alto do filme sendo as atuações da dupla Phoebe Dynevor e Alden Ehrenreich.

Marcando a estréia na direção de Chloe Domont, Jogo Justo acompanha o jovem casal Emily (Dynevor) e Luke (Ehrenreich), que trabalha em uma empresa de finanças e embarca em um romance proibido que vai contra as regras da organização. O segredo parece tornar as coisas ainda mais intensas, e tudo parece ir muito bem no relacionamento – até que Emily é promovida inesperadamente. Agora, os dois serão levados ao limite e devem enfrentar ameaças que podem afetar muito mais do que sua relação.

Vale a pena?

A princípio, o filme nos leva a crer que a vida do casal é um conto de fadas perfeito, e Chloe Domont é excelente nessa criação de ambiente. Porém, o que vem a seguir no filme é uma desconstrução narrativa tão intensa e cativante, que meio que nos força a escolher de qual lado ficar. E Domont foi certeira na escolha do elenco para o seu filme. Phoebe Dynevor e Alden Ehrenreich brilham quando são colocados em tela, e o jogo de dominação que os dois criam ao longo do filme só fica mais e mais doentio e sombrio, com cada jogada que um tenta sobre o outro. A diretora finca seu estudo na mente humana, e no jogo de poder de forma única, e mostra como uma relação pode chegar ao grotesco em certos momentos, apenas com uma simples fala.

Além disso, toda a ambiguidade que os dois personagens possuem, tornam a construção dos mesmos em algo primoroso. Domont não usa de artifícios básicos para falar de feminismo exagerado, ou masculinidade frágil. Ao invés disso, ela desconstrói seus personagens na primeira oportunidade que eles tem de irem contra seus princípios. E mais uma vez, a atuação da dupla de protagonistas é sem dúvida o ponto alto do filme. O carisma de ambos – ao modo deles é claro – é rico, e nos convida a tentar achar uma saída para a continuidade da relação. E claro, a descontrução de personagem que temos, que quebra nossas expectativas, é mais um convite para esse entender da mente humana, e como uma relação de poder pode evoluir ao sádismo. E tudo isso em união com uma trilha sonora magistral de Brian Mcomber, que acompanha cada downgrade da relação.

Quando a Netflix comprou Jogo Justo em Sundance, a comparação com o clássico Atração Fatal deve ter sido um grande fator. Mas que bom que ela o fez. Talvez estejamos diante de um futuro clássico thriller erótico, que é provocador, exagerado, mas que provoca o público com o seu ideal de lugar de cada um na sociedade.

Trailer do filme

Avaliação: 4 de 5.

Ficha Técnica

Direção: Chloe Domont
Roteiro: Chloe Domont
Duração: 113 minutos
País: Estados Unidos
Gênero: Suspense
Ano: 2023

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