O Deserto Está Vivo: quando lutar não é uma opção – Resenha

O Deserto Está Vivo: quando lutar não é uma opção – Resenha

A esse ponto do nosso caminho, já conseguimos identificar a grande afinidade da Editora Trama com obras e/ou autores estreiantes. Essa afinidade, de certo, não deixou de tocar o título de estreia da autora Elizabeth Wetmore: O Deserto Está Vivo. O livro fez parte da TramaBox 07 (a caixinha de assinatura literária da editora, focada em thriller), e nos foi enviada pela própria Trama. O Deserto Está Vivo está em pré-venda, com previsão de lançamento para 01 de setembro. Enfim, confira nossa resenha da obra abaixo.

A Sinopse

o deserto está vivo

O ano é 1976, e a cidade de Odessa, no Texas, está prestes a viver um grande crescimento econômico por conta da atividade petrolífera da região. Na manhã do dia 15 de fevereiro, logo quando os primeiros raios de sol atingem o campo de petróleo, Gloria Ramírez, uma menina de apenas 14 anos, consegue encontrar forças para escapar de seu agressor. Ela atravessa o terreno entre bombas de sucção e cercas de arame farpado até chegar à porta de Mary Rose Whitehead, que a partir desse momento terá a vida virada pelo avesso ― não apenas por presenciar a crueldade vivenciada por Gloria, que bem poderia ser sua filha, mas também pelos ecos deste crime, a gota d’água diante das inúmeras violências e injustiças que as mulheres de sua cidade sofrem diariamente há gerações.

Pelas igrejas e bares, Gloria é julgada antes mesmo de o caso chegar ao tribunal. Mary e as outras mulheres de Odessa sabem o que está prestes a acontecer. Mas elas também sabem que, desta vez, estão unidas. A coragem é tudo o que lhes resta, e é com ela que farão justiça, não importam as consequências.

Da Estrutura

No que nos conserne à estrutura, a obra é narrada em terceira pessoa, sob o ponto de vista de sete personagens; todas elas mulheres. De fato, é bastante interessante como a autora consegue trabalhar com a mudança de perspectiva, mas, ao mesmo tempo, sinto que faltou uma definição melhor da personalidade de cada uma, para evitar a confusão na leitura.

Além disso, um aspecto que chama a atenção foi a escolha da autora em não utilizar pontuação para demarcar a fala das personagens, o que acaba se misturando um pouco com a narrativa. Certamente, é de se esperar que hajam desvios na escrita, já que (de novo) esse é um romance de estreia.

Da História

O Deserto Está Vivo é, na verdade, uma narrativa dramática, que toca em todos os temas sensíveis possíveis. Temos como paisagem o Texas da década de 70, numa cidadezinha cuja atividade petrolífera começara a crescer. É nesse ambiente que somos apresentados a Glória Ramírez, uma garota de 14 anos, que é vítima de abuso. A partir desse ponto, nós somos apresentadas a outras personas que são afetadas de alguma forma por esse acontecimento (mesmo que não diretamente).

A obra constitui um drama angustiante, em que Glory, uma criança, é julgada por ter sido estuprada de forma brutal, mesmo sendo ela a vítima de todas a situação. Entretanto, o crime não é de todo o foco principal da trama. Já que somos lançados para outras perspetivas totalmente diferentes, colocando esse acontecimento, de fato, em um lugar de subtrama, que apenas sustenta o clima de violência da cidade.

Mas isso não afeta em totalidade o clima de tensão do livro. Pois as histórias contadas pelas outras protagonistas são igualmente brutais. Assim, a obra retrata temas pesadíssimos, como racismo, xenofobia e, claro, o machismo existente naquela época (e que, cá entre nós, existe até hoje).

Será que vale a pena?

A resposta é sim, vale muito a pena imergir no enredo de O Deserto Está Vivo. No entanto, para tirar mais proveito da leitura, acredito que o leitor tem que encara-la como um drama do que como um thriller psicológico. A sensação é de que miraram é um lugar e acertaram em outro. Porém, isso não faz do livro algo menos instigante. Indico-o a quem tem estômago forte. Mas para quem é leitor das obras da Editora Trama, isso é de praxe.

Sobre a Autora

Elizabeth Wetmore é mestre em escrita criativa pelo Iowa Writers’ Workshop, programa de pós-graduação da Universidade de Iowa. Foi bolsista de renomadas instituições de fomento à arte, como o Fundo Nacional para as Artes e o Conselho de Artes de Illinois, e teve trabalhos publicados em diversos periódicos literários. Natural do oeste do Texas, hoje ela vive e trabalha em Chicago. O deserto está vivo é seu primeiro livro, cuja adaptação para as telas está em produção pela HBO.

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