O Gabinete de Curiosidades - Ep 01 a 04 - Crítica

A princípio eu poderia dizer que o Gabinete de Curiosidades da Netflix é perfeito deste de sua primeira cena. Quando Guillermo del Toro aparece explicando a origem do termo e dando início ao primeiro episódio. Porém, eu sou suspeita considerando minha predileção pelas obras dele.

Dessa forma, vamos ao que interessa, a série. Para isso precisamos entender o que vem a ser esse gabinete. E como del Toro explica, gabinetes de curiosidades são espaços como salas e afins onde pessoas guardavam suas coleções. Por exemplo, coisas que vão desde objetos pequenos como chaves até algo grande como armaduras. Itens estranhos também, relacionados a folclore ou superstições. Ou seja, qualquer coisa que a pessoa quisesse para seu “museu pessoal”.

Dessa forma se dá a construção do Gabinete de Curiosidades da Netflix, criada por Guillermo del Toro e produzida, a cada episódio, por diretores e equipes diferentes. Dando assim origem a essa série antológica, com visões e aspectos diferentes relacionados ao gênero do horror.

Considerando que os episódios não se conectam, farei esse texto de maneira diferente do habitual. Ele será um pouco mais longo, para que eu possa falar sobre cada história. E também o dividirei em duas partes, onde comentarei sobre quatro episódios em nada uma. Espero que gostem e que possam apreciar esta série assim como eu.

Lote 36

Dirigido por Guillermo Navarro com roteiro de Regina Corrado e Guillermo del Toro. Com atuações de Tim Blake Nelson, Sebastian Roche, Elpidia Carrilo e Demetrius Grosse.

Em Lote 36 conhecemos Nick Appleton, um homem arrogante que compra depósitos em leilões, para vender o que tiver de valor dentro deles. Dessa forma não é surpresa quando ele adquiri o famigerado lote 36.

Entre alguns acontecimentos que, futuramente, darão desfecho ao episódio, Nick começa a vasculhar os prováveis tesouros ali escondidos. Então encontra uma mesa dos espíritos e a leva para uma possível compradora. E através dela ele acaba conhecendo Roland, um especialista em objetos do mundo sobrenatural.

A ambientação e direção deste episódio estão de parabéns. Contudo, o roteiro tem suas falhas. Ao mesmo tempo em que a história se mostra interessante, ela entrega de bandeja coisas que poderiam causar mais tensão.

Dessa forma, parece que correram para tentar encaixar aquilo dentro do tempo estipulado. Mas apesar disso, o episódio Lote 36 consegue se finalizar de forma coerente e sem muitas pontas soltas. Garantindo um final aterrorizante.

Ratos de Cemitério

Dirigido por Vincenzo Natali, com roteiro do mesmo, baseado em um conto de Henry Kuttner. Com atuação de David Hewlett.

Assim como o episódio anterior, Ratos de Cemitério aborda o tema da ganância, da avareza. Nos apresentando Masson, um homem que trabalha em um cemitério e aproveita para roubar dos túmulos.

Basicamente passamos todo o episódio acompanhando apenas Masson, em sua trajetória para conseguir pagar uma dívida. Porém, algo acontece no cemitério e ele percebe que ratos estão roubando os corpos de dentro dos caixões.

No ápice de seu desespero em conseguir dinheiro, Masson resolve adentrar os túneis subterrâneos dos ratos. Logo após ver um corpo, que lhe garantiria muitos itens de valor, ser puxado para dentro deles.

Nesse episódio contamos com uma produção impecável, assim como a atuação de Hewlett. Posso dizer que tem um dos monstros que mais gostei em toda a série. Além da agonia estressante de um ambiente claustrofóbico, eles apostaram no bom e velho animatrônico para trazer a fera para a tela. Algo que agregou um valor imensurável, uma vez que por certo não daria o mesmo efeito se caso fosse digital.

Com um roteiro muito bom e bem realizado, considero este um dos melhores episódios de toda a antologia.

A Autópsia

Dirigido por David Prior, com roteiro por David S. Goyer baseado em uma história de Michael Shea. Com atuação de F. Murray Abraham, Glynn Turman e Luke Roberts.

Em A Autópsia temos Turman, um xerife de uma pequena cidade, que está investigando uma série de desaparecimentos. Assim, ele chama um amigo seu, o legista Abraham, para poder examinar alguns corpos.

A princípio temos uma conversa entre os amigos, onde Turman explica sobre os acontecimentos. E podemos acompanhar seu raciocínio através de alguns flashbacks. Dessa forma, o episódio vai gradativamente se formando e a história se desenrola de forma calma. Mas não devagar. O suficiente para que possamos adentrar no clima de suspense e curiosidade.

Ao passo que Abraham inicia seu trabalho, somos envolvidos por suas análises e pelo ambiente. E, por fim, chegamos ao ápice do episódio, onde nos é revelada a verdade.

A construção desse episódio é, na minha opinião, fantástica. São colocados elementos que posteriormente são bem aproveitados pela trama. A fotografia se conecta à história e cria um ambiente muito bom. E o desfecho também é bem interessante. Além de também podermos aproveitar um pouco do gore utilizado nele.

Por Fora

Dirigido por Ana Lily Amirpour, com roteiro de Haley Z. Boston, baseado um conto de Emily Caroll. Com atuações de Kate Micucci, Martin Starr e Dan Stevens.

Neste episódio conhecemos Stacey, uma caixa de banco que se vê excluída da turma em função de sua aparência. Então, para que sua imagem melhore, ela começa a utilizar um creme de beleza que ocasiona um efeito incomum.

Apesar da atuação impecável de Kate, não posso dizer que esse episódio está entre os melhores. Porém, sua intenção é muito interessante. Podemos vê-lo como uma crítica ao padrão de beleza imposto pela sociedade. Além também dos efeitos adversos que isso tem nas pessoas. E o que elas são capazes de fazer para tentar alcançar a perfeição.

Fiquem ligados para acompanhar a segunda parte. Nele falaremos dos outros quatro episódios restantes de O Gabinete de Curiosidades de Guillermo del Toro, da Netflix.