Crítica | Pinóquio por Guilhermo Del Toro – Netflix

Crítica | Pinóquio por Guilhermo Del Toro – Netflix

Pinóquio é o mais novo filme da Netflix, mas dessa vez pelas retinas de Guilhermo Del Toro, diretor premiado e vencedor de Oscar. Aqui, o desejo sofrido de um pai transforma sua mais recente criação, um boneco de madeira, em seu filho.

Atualmente, num intervalo bem curto, tivemos 3 versões de Pinóquio. Em 2019 realizaram um Pinóquio em live action, mas com um contexto extremamente sombrio com a participação de Roberto Benigni. Já em 2022, tivemos duas visões sobre o personagem, comandadas pela Disney e outra pela Netflix. A versão da Disney traz um live action mais “family friendly” com uma visão bem parecida com a original. Contudo, o Pinóquio da Netflix se desprende de todas as versões já feitas e aposta em um estilo próprio.

Primeiramente, a mudança mais abrupta é a estética escolhida e o formato da animação. Diferentemente das versões anteriores, aqui a opção é um stop motion com uma fotografia bem Guilhermo Del Toro. A grande vantagem dos stop motion é a imersão, as superfícies e materiais são extremamente palpáveis, o que facilita a nossa entrada no universo. Escolher materiais rugosos, asperos e com certas falhas é algo que não acontece em animações feitas por CGI. Portanto, a escolha do formato condiz com a imagem que o diretor quer passar, já que a ideia aqui é destoar de todos os outros filmes do personagem.

Pinóquio Aesthetic

A estética e o formato fazem aqui um grande papel de suporte para a história do brilhante Guilhermo. É extremamente difícil não ser genérico quando se trata de uma história com quase 140 anos de idade. Porém, essa mudança bastante carregada é uma base extremamente sólida que funciona para nos tirar imediatamente das visões anteriores da história. Além disso, o filme traz de imediato um primeiro ato firme, bonito e poético, estabelecendo bem uma relação pai-filho para que pudéssemos imergir na vida de Gepeto. Do mesmo modo, também somos introduzidos aos conflitos da época e como funcionava o local em que eles estavam inseridos.

A estética dos personagens também é única, a escolha foi para um lado mais místico, se esquivando daquele modelo de fadas e animais. A aparências dos animais são grotescas e repulsivas, mas ao mesmo tempo muito reais. A adaptação da fada azul para os seres místicos nesse filme é um dos acertos mais bonitos, trazendo um debate mais filosófico sobre a vida e sobre o tempo. Criaturas místicas que se compadecem do sofrimento humano, mas agem de formas únicas de acordo com sua própria moral. Elas se aproximam de uma figura divina ou até mesmo de um gênio da lâmpada, mas com muito mais autonomia.

O filme é narrado por Sebastian J. Cricket, o “Grilo Falante” nos filmes originais, que é um dramaturgo simpatizante do pessimismo de Arthur Schopenhauer, o que diz sobre sua forma de pensar e escrever antes do contato com Pinóquio. Logo após, com o estabelecimento dos alicerces, a vibe carregada pelo filme é extremamente original e medonha, porém totalmente intencional. Del Toro se utiliza bem do período de Segunda Guerra Mundial e a implementa como atuante direta da sua trama, partindo da morte do seu filho e passeando pelo governo Mussolini na Itália fascista. Em suma, os assuntos abordados são de cunho adulto, porém máscarados para que crianças que tenham esse possível contato com a obra não sintam o peso que o filme traz nas entrelinhas.

Considerações Finais

A obra é extremamente bem amarrada e quase não deixa pontas soltas, seus acertos são grandiosos e seus erros são quase imperceptíveis. Aqui é mantido um ritmo crescente que nos chama pra viver a história de dentro; a imersão acontece rápido demais e sem forçar a barra. Contudo, apesar dos grandes acertos do time escalado pela Netflix, o terceiro ato carrega alguns erros quase invisíveis, mas que me impede de dar nota máxima.

Nos minutos finais do filme, acredito que o roteiro cai em duas ou três linhas de diálogo e acontecimentos convencionais que destoam do resto do filme. A imagem que se passa é que, nesse momento, o trabalho foi feito por uma pessoa totalmente diferente, o que dá uma sensação ruim para os mais atentos, mas que com certeza passa despercebido para o resto do público. Sendo assim, Pinóquio, da Netflix, é um filme grandioso e original, diferente de tudo que um dia vimos na história do cinema. Pra mim, um filme que fez história e, ao meu ver, favorito ao Oscar 2023 para melhor animação.

Trailer de Pinóquio por Guilhermo Del Toro (Netflix)

Avaliação: 4.5 de 5.

Ficha Técnica

Direção: Guillermo del Toro, Mark Gustafson
Roteiro: Guillermo del Toro, Gris Grimly, Patrick McHale, Matthew Robbins
Duração: 114 minutos
Gênero: Animação/Musical
Ano: 2022
Classificação: 12 anos

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