Robin Hood é uma das lendas mais conhecidas da literatura mundial. E tamanho sucesso obviamente atraiu os olhos da indústria hollywoodiana, que vem e vai sempre lança uma nova versão da história. Seja animada com animais antropomórficos produzido pela Disney, seja live-action com Russel Crowe dirigido por Ridley Scott.
Robin Hood de 1991 é a primeira de várias produções que tentaram obter sucesso adaptando a jornada do príncipe dos ladrões. Quando estreou nos cinemas, o longa causou um enorme estardalhaço, não só por contar com um grande elenco, como também por ser o primeiro grande projeto envolvendo o arqueiro desde a animação de 1973.
Muitos espectadores da época gostaram do filme, que até hoje possui muitos fãs. Mas será que tal fama é resultado de um produto final realmente competente ou de uma visão nostálgica que mascara certos defeitos?
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Uma boa história
Obviamente o enredo é excelente. É baseado de forma quase fidedigna em uma das melhores lendas da cultura inglesa. Tendo um material prévio tão bom em mãos, é quase impossível se fazer uma história ruim ou maçante.
E realmente a narrativa tem muitas qualidades. A jornada de Robin Hood é interessante, o seu bando é carismático, as cenas entre eles divertem, você realmente desenvolve um vínculo afetivo com os personagens.
Mas o problema é que à mesma medida que eles acertam o tom nas cenas de descontração, eles erram bastante nas cenas de tensão
Uma direção oscilante
Apesar dela construir ótimos momentos durante a trama, especialmente aqueles que envolvem a amizade do bando e a vilania do antagonista, ela peca em muitas escolhas de linguagem e montagem.
Em cenas mais tensas por exemplo, as escolhas de planos e movimentos da câmera tiram totalmente o peso dos acontecimentos. Durante o clímax, por exemplo, o estilo de filmagem incomum somado ao uso equivocado da trilha sonora em certos momentos transformou uma cena de estupro em algo quase cômico.
Ainda no terceiro ato, quando um dos mocinhos mata um dos vilões, o diálogo que antecede o confronto apesar de bem escrito, foi arruinado pelo diretor, que optou por uma linguagem cinematográfica que tirou todo o peso do conflito.
A montagem confusa atrapalha até a luta final, que abusa de elipses e cortes pouco ortodoxos. A disparidade entre as performances de Costner e Rickman durante a mesma também incomodam. Enquanto estava dando o melhor de si como o vilão, o outro estava no piloto automático como mocinho. E falando nas atuações…
Do Oscar ao framboesa
É impressionante o quanto as performances desta produção oscilam. Enquanto de um lado nós temos Freeman e Rickman destilando todo o seu talento como Azeem e o Xerife de Nottingham, do outro nos temos a composição desinteressante de Costner como o protagonista e a Lady Marian sem sal de Mastrantonio
O diálogo por muitas vezes também não ajuda os intérpretes. Por vezes ele é bem construído, mas por outras ele é clichê, artificial, e até cômico, o que é muito incomum para um projeto destes. Tinha vezes que eu não sabia se estava assistindo um drama ou uma comédia.
E não é por ser um filme medieval que as falas são artificiais. Existem passagens no longa que funcionam mesmo sendo demasiadamente formais em decorrência da época da narrativa.
A péssima montagem e pós-produção
Até a trilha sonora sofre pela má-utilização. Ela possui qualidade, mas o uso de músicas erradas nos momentos errados compromete toda a atmosfera dos mesmos.
As cenas de ação como um todo são no máximo competentes, mas o conflito final decepciona muito. E a fotografia também não é nada especial.
Mas apesar de todos estes pesares, é injusto dizer que Robin Hood de 1991 é uma produção ruim. Ele é uma obra superestimada com problemas tonais e de montagem, fortemente ligados à sua direção e montagem.
E não por acaso, haja vista que o diretor se demitiu no meio da pós-produção do filme, devido a modificações de última hora em seu produto durante a edição. Sinceramente é um milagre que eles conseguiram entregar algo assistível após tantos percalços.
Todavia, comparado à outras produções live-action envolvendo o príncipe dos ladrões, esta é infelizmente a mais competente.
Ficha Técnica
Criado por: Pen Densham, John Watson e Kevin Reynolds
Duração: 143 minutos
País: EUA
Gênero: Aventura e Romance
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