Som da Liberdade – Luta importante, Filme medíocre

Som da Liberdade – Luta importante, Filme medíocre

Som da Liberdade; se você usa as redes sociais corriqueiramente, é quase certo que já ouviu falar deste longa. O trabalho de divulgação digital por trás deste projeto é extenso e coordenado, o que o fez tornar uma das obras mais comentadas do ano.

Mas as razões por trás desse marketing, por mais escusas que sejam, não são importantes para essa crítica. No presente texto, eu irei analisar Som da Liberdade como deve ser. Como um filme. Deixando de lado toda e qualquer guerra ideológica que tenha sido entrelaçada à esta película.

Mas antes de prosseguirmos, resta salientar que a opinião desta review representa única e exclusivamente os pensamentos do autor, e não do site ou de qualquer outro de seus redatores.

Assim como todos, eu também tenho direito a uma opinião, que irá acompanhar meus fundamentos e argumentações. O meu parecer sobre o longa não é divino e todos tem total direito de divergirem. Mas caso a sua insatisfação com esta crítica acarrete em xingamentos e acusações nojentas e ignóbeis ao site e ao escritor, saiba que seu comportamento não apenas não será tolerado, mas também combatido.

Isso posto, vamos à crítica.

Do que se trata?

Som da Liberdade conta a história de um agente federal cristão que toma pra si mesmo a missão de salvar crianças latinas vítimas de tráfico de menores.

É só isso?

Sim. Só isso

O filme se resume em um americano religioso salvando crianças e fortalecendo seu vínculo com a própria fé. Uma mistura entre Taxi Driver, Órfãos da Guerra e Deus não está Morto.

Boas intenções

É nítido que o maior motivador para a realização desta produção foi trazer luz à um problema sério, que é o tráfico sexual de menores. É louvável a preocupação dos envolvidos com esta prática nojenta e hedionda, e quaisquer produções que versem sobre esse tema tem um lado positivo atrelado automaticamente à ela.

Mas lutar por algo bom não torna o filme bom por tabela.

Primeiramente, devemos mencionar a duração da obra. Som da liberdade é uma história que poderia facilmente ser contada em menos de 100 minutos. Não existe razão para uma trama tão básica se estender por 2 horas e 15 minutos. Tal extensão acabou por deixar a jornada do personagem principal mais maçante e, por consequência, menos cativante.

Mas verdade seja dita, agora pegando mais leve com a produção, o suspense e o sentimento de urgência nas cenas de “ação” são muito bem construídos. Apesar de faltar ao diretor talento no campo da cinematografia, ele possui muita aptidão no ramo da ambientação e atmosfera.

Atuações

Os atores também passam longe de serem top de linha. O principal mesmo só convence nas cenas onde ele precisa exacerbar suas emoções de forma extrema; separando esses momentos, o restante carece nuance, sutileza e profundidade.

Os adultos coadjuvantes também não entregam seu melhor trabalho, mas já que não possuem tanto foco, é um aspecto perdoável do longa.

Mas os atores mirins, estes sim merecem todos os louros. Mandaram muito bem, em especial Cristal Aparício, cuja Rocío rouba a cena em toda cena em que aparece, ofuscando até mesmo o protagonista.

Cinematografia

Visualmente falando, o presente longa-metragem carece criatividade e apuro estético. O diretor parece que seguiu a cartilha básica que todo estudante de cinema recebe na primeira aula do curso. Som da Liberdade mais parece ser filmado e escrito pelo Chat GPT.

A paleta de cores não orna com o enredo, os movimentos de câmera não inovam, a montagem perde a linha e fica demasiadamente caótica depois da primeira hora, a trilha sonora carece sutileza, etc

Existem fragmentos artísticos positivos, como eu já mencionei, em especial referentes ao suspense e à atmosfera. Mas não são suficientes para salvar a produção da mediocridade

Conclusão

Mas deixando de lado os fatores externos ligados à obra, tal qual o viés politizado que ela adotou, os ingressos distribuídos gratuitamente, alguns de seus envolvidos estarem relacionados à escândalos sexuais e a hipocrisia da mesma em fazer um filme de combate à pedofilia com viés católico, ignorando todo o histórico da igreja…

Qual o saldo final do filme?

Simples. Som da Liberdade é mais uma obra medíocre dos EUA que visa atrair público se aproveitando de um tema deveras sensível e muito importante.

Poderia ser um triste e melancólico drama sobre os horrores do tráfico de crianças na América, mas prefere ser um monumento ao ego de seu principal.

Desta forma, ao invés das ações e sentimentos do protagonista servirem de catalisadoras para trazer à público uma realidade sofrível e criminosa, foi a realidade sofrível e criminosa que serviu de catalizadora para trazer ao público as ações e sentimentos do protagonista.

Tudo isso usando de performances oscilantes, cinematografia mediana e trilha sonora mal pensada e mixada.

Mas apesar de tudo, eu espero do fundo do coração que o sucesso dessa obra traga mais atenção ao crime que ela denuncia e também incentive cinegrafistas e roteiristas mais talentosos a escreverem histórias mais instigantes e criativas sobre a presente problemática.

E espero ainda mais que estas futuras produções hipotéticas não herdem as polêmicas externas que Som da Liberdade se envolveu.

Avaliação: 2.5 de 5.

Ficha Técnica

Direção: Alejandro Monteverde
Roteiro: Rod Barr e Alejandro Monteverde
Duração: 131 minutos
País: EUA
Gênero: Suspense; Policial; Drama
Onde assistir: Cinema
Ano: 2023
Classificação: 14 anos

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