Tudo em todo o lugar ao mesmo tempo | A perfeita dramédia

Finalmente, nesta quinta-feira, estréia no Brasil o novo longa da A24, Tudo em todo o lugar ao mesmo tempo!

Dramédia é o gênero cinematográfico que promove a junção da comédia e do drama. Estas obras geralmente apresentam uma história séria, porém abordada de forma engraçada.

É um trabalho hercúleo para os cineastas construírem um filme com qualidade dentro de tal gênero. Pois alcançar o equilíbrio entre a comédia e o drama é extremamente complicado. Na maioria das vezes ou a produção pende demais para um dos 2 lados, ou entrega um resultado final fidedigno à proposta, mas d qualidade duvidosa.

Isso posto, “Tudo em todo o lugar ao mesmo tempo” é a exceção perfeita à esta regra

O drama

A veia dramática da história permeia em toda a narrativa. A proposta dos cineastas de promover uma série de estudos de personagens em conjunto é muito bem executada e absurdamente emocionante.

As reflexões existenciais que o enredo promove também são apresentadas de uma maneira sutil, eficaz e instigante. Além disso, a utilização de diferentes relações afetivas ao longo do longa para demonstrar o quanto o amor e a amizade fazem a nossa vida valer a pena é espetacular.

Outrossim, o confronto geracional entre mãe e filha também é incrivelmente bem construído. E o relacionamento marital da protagonista é tão verossímel e realista que chega a ser algo inacreditável.

Mas infelizmente, a narrativa tem “barriga” demais no segundo ato, especialmente na parte em que o antagonista leva a principal pra dentro da sua realidade. Isso torna a obra meio maçante por um curto período.

Mas quando se passa de tal parte, nós somos brindados com uma das melhores cenas do filme. Tanto em razão de seu diálogo quanto pela sua ambientação.

O drama nesta película é quase perfeito. Mas e quanto à comédia?

A comédia

O longa também brilha neste quesito. Ele promove a mescla perfeita entre 3 tipos de humores: O físico, o absurdo e o visual. E ele consegue nos fazer rir de todas estas 3 formas.

Os momentos de luta se destacam neste interim. A maneira absurda com a qual os protagonistas adquirem seus “poderes” somados à uma coreografia desengonçada e diálogos hilários faz da risada um figura constante em nesta experiência.

Aliás, é incrível como esta produção que promove a mistura de drama com comédia consegue ser mais engraçada que 95% das comédias lançadas no século XXI. Alguns filmes do Adam sandler não conseguem arrancar de mim em 90 minutos as risadas que este aqui me arrancou em 3.

A junção entre os 2 elementos

A película, como vimos anteriormente, brilha se destaca de inúmeras maneiras. Mas o segredo por trás da junção perfeita entre drama e comédia em Tudo, em todo lugar ao mesmo tempo reside em 3 fatores:

1- As incríveis performances, que entregam perfeitamente todas as emoções que o enredo precisa em suas cenas dramáticas quanto as expressões faciais e diálogos cômicos que a narrativa precisa em suas piadas.

2- A genialidade do roteiro, que obtém sucesso não só em elaborar diferentes diálogos ao longo da trama, que conseguem nos fazer e rir e chorar, como também brilha ao conseguir equilibrar perfeitamente as veias cômicas e dramáticas da obra, não permitindo que uma ofusque ou atropele a outra

3- A excelente direção, que foi inovadora, criativa e exímia. Os cineastas sabiam qual era o ângulo mais adequado para se filmar cada uma das cenas, sejam de luta, de conversa, ou de ambientação; qual era a paleta de cores perfeita para se usar em cada momento e cada universo da trama; qual era a melhor forma para inserir, retirar e reinserir personagens e universos no enredo, entre muitos outros méritos

Tudo em todo o lugar ao mesmo tempo é o resultado de 2 mentes criativas que tiveram liberdade para fazer o filme que queriam da forma que queriam. E o resultado foi um dos melhores longas dos últimos anos. E por isso eu dou meus parabéns não só aos dois realizadores, como também à produtora A24, que de novo mostra que o segredo pro sucesso é deixar pessoas talentosas mostrarem seu talento livremente.

Sem dúvidas, é o filme do ano.