William Friedkin além de ‘O Exorcista’

William Friedkin além de ‘O Exorcista’

Nesta segunda-feira (7), o mundo do cinema se despediu de um de seus grandes idolos. William Friedkin nos deixou ontem, aos 87 anos. Dono de uma vasta carreira, o diretor mesclou trabalhos no cinema e na TV, sempre mantendo seus toques até nos mais subestimados trabalhos de sua carreira.

Friedkin hoje pode estar na memória por ter sido o diretor do clássico do terror ‘O Exorcista’. Porém, um dos maiores nomes da Nova Hollywood, tem uma vasta carreira, que se estende por grandes trabalhos no cinema e na TV. Isso sem falar nos vários causos que o diretor contava com alegria.

Veja alguns filmes de William Friedkin, além do clássico do terror.

O Povo Contra Paul Crump

Friedkin começou sua carreira fazendo vários documentários, e muitos deles são verdadeiras jóias esquecidas.

Em 20 de março de 1953, cinco homens negros assaltaram um frigorífico em Chicago. A fuga deu errado e um segurança perdeu a vida.

Em uma semana, todos os cinco homens estavam atrás das grades. Quatro receberam sentenças de prisão e acabaram em liberdade condicional. O quinto, Paul Crump, então com 22 anos, confessou sob táticas questionáveis ​​de interrogatório, e depois se retratou, apenas para ser condenado e sentenciado à cadeira elétrica.

Friedkin ficou sabendo da história, e acreditando na inocência de Crump, ele começou a fazer apelos nas ruas, pedindo a liberdade do homem. O documentário fez tanto sucesso, que Crump acaba inocentado, e a carreira de Friedkin decolou.

Os Rapazes da Banda

Baseado na peça de Mart Crowley, Os Garotos da Banda é um dos primeiros filmes americanos que gira em torno de personagens gays. Não preciso nem falar o quanto o filme é revolucionário. Estamos falando de um filme com uma temática que era extremamente sensível nos anos 70. E é uma pena que boa parte do elenco do filme, que era o mesmo da peça da Broadway, acabou morrendo tempos depois. É um dos filmes mais reais de Friedkin, e um marco no cinema.

Operação França

Operação França é um daqueles grandes filmes, que hoje seriam impossíveis de ter produção. A galera da Nova Hollywood tinha como marco, a liberdade e controle total de seus filmes. E aqui, Friedkin usou e abusou disso. O filme conta a história dos detetives Jimmy “Popeye” Doyle (Gene Hackman) e Buddy “Cloudy” Russo (Roy Scheider) em busca do rico traficante de heroína francês Alain Charnier (Fernando Rey).

O filme é uma maravilha por si só, e as histórias por trás dele são melhores ainda. Talvez a melhor e mais conhecida, seja a da famosa cena da perseguição, que hoje é imitada a rodo, mas nunca ninguém fez uma cena de perseguição tão bem como Friedkin. Acontece que essa cena foi feita sem nenhuma autorização da cidade de Nova Iorque. Ou seja, todos que aparecem ali, quase sendo atropelados, são pessoas reais. Os únicos policiais de verdade, são os que estavam na locação do filme. Aliás, tem de falar da fotografia de toda a cena, feita pelo gênial Owen Roizman, também falecido neste ano.

Um dos grandes filmes dessa geração dos anos 60, Operação França consagrou o movimento da Nova Hollywood, e saiu do Oscar de 1972 com 5 prêmios.

Sorcerer

Sorcerer serve como certificação de Friedkin como um mestre do suspense. Adaptação de um filme francês dos anos 50, no filme vemos quatro párias de origens variadas se encontrando em uma cidadezinha sul-americana, onde são contratados para transportar cargas de dinamite envelhecida e mal conservada, tão instável que está “suando” seu perigoso ingrediente básico, a nitroglicerina.

Sorcerer foi o declinio de Friedkin, porém, muito se deve a 1977 ter sido o ano de Star Wars, e o filme ter saído praticamente no mesmo mês do longa de George Lucas não ajudou. Porém, hoje o filme virou cult entre os amantes de cinema, apesar de alguns pontos do filme realmente não fazerem sentido, ainda é uma joia de Friedkin.

Cruising

Polêmico até hoje, Cruising é um dos filmes mais provocativos de Friedkin. Estrelado por Al Pacino, o filme fala sobre um assassino em série que tem como alvo homens gays , particularmente aqueles homens associados à cena do couro no final dos anos 1970. O filme foi teve acusações de passar uma mensagem ‘anti-gay’, e a produção do longa foi um caos. Além disso, muitos falam que as motivações do assassino são vagas e sem sentido. Porém, em minha opinião, Cruising é um filme que serviu como denúncia a violência que a comunidade gay sofria.

A forma de Friedkin pode ter sido exagerada em algumas partes do filme, porém, ele não deixou de falar de algo rotineiro, quer queiram ou não.

Viver e Morrer em Los Angeles 

Após o sucesso de O Exorcista, Friedkin teve trabalho para conseguir fazer seus filmes. É engraçado pensar nisso, porém, a era dos blockbusters tinha chegado, e o cinema autoral começava a ser o plano b dos estúdios. Mas Viver e Morrer em Los Angeles é um thriller tão bom, e um dos melhores dos anos 80.

O filme conta a história de um agente do Serviço Secreto que, após a morte do seu parceiro, vai em busca do assassino. Aliás, esse foi o filme que deu o estrelato a Willem Dafoe, e trouxe Friedkin de volta a regularidade.

Killer Joe

Friedkin entrou na década passada com os dois pés na porta. Isso porque, Killer Joe é facilmente um dos seus melhores trabalhos nos últimos 20 anos. Além disso, aqui temos um suspense de primeira, aqui vemos como Friedkin não perdeu a mão quando o assunto é criar um suspense angústiante ao nosso redor. Além disso, o humor sombrio que o diretor coloca no filme, o elevam ainda mais.

Assim sendo, em Dallas, Joe (Matthew McConaughey) é um detetive, mas também um assassino por encomenda. Quando Chris (Emile Hirsch), um traficante de 22 anos, tem seu estoque roubado pela própria mãe, ele deve rapidamente encontrar 6 mil dólares, ou então será morto. Chris recorre então a “Killer Joe”, lembrando que o seguro de vida de sua mãe vale 50 mil dólares. Inicialmente Joe recusa, porque só é pago adiantado, porém ele abre uma exceção contanto que Dottie (Juno Temple), a sedutora irmã mais nova de Chris, sirva de “garantia sexual” até o dia do pagamento.

E é isso, perdemos um gigante da sétima arte, porém, cabe a nós fazer uma bela homenagem a William Friedkin. Inclusive, este ano o diretor terá lançada sua obra final, no Festival de Veneza.

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