Angela (Prime Vídeo) – Uma cinebiografia que se desvirtua do que propõe

Angela (Prime Vídeo) – Uma cinebiografia que se desvirtua do que propõe

Angela, nova produção brasileira que chegou ao catálogo do Prime Vídeo na última semana, se desvirtua muito do que propõe. Dirigido por Hugo Prata, o filme conta a história do assassinato da socialite Ângela Diniz, um crime que chocou o Brasil em 1976. A morte de Ângela foi um marco no país, e serviu de base para trazer luz a violência contra a mulher.

Na trama, Angela (Isis Valverde) acaba de sair de um divórcio no qual teve que abrir mão dos filhos, e quando conhece Raul (Gabriel Braga Nunes) ela acredita ter encontrado alguém que ama seu espírito livre tanto quanto ela. A atração avassaladora faz o casal largar tudo e viver o sonho de reconstruir suas vidas na praia, mas a relação declina rapidamente para o abuso e violência, terminando em um dos crimes mais marcantes do Brasil.

Vale a pena?

Cinebiográfias brasileiras costumam ter um vício irritante que é, se apegar a apenas um recorte da vida do protagonista. E ‘Angela’ infelizmente não foge a regra. O diretor Hugo Prata se apega a um único momento da vida da socialite, que se resume a perda da guarda dos filhos, e seu relacionamento trágico com Raul “Doca Street”. Tudo isso é construído de uma maneira rápida, sem introdução alguma, é quase como se fossemos jogados ali, e cabe ao espectador imaginar o que levou a tudo isso. Embora o caso Angela Diniz seja bem conhecido no nosso país, a falta de uma introdução mais adequada a personagem é incomôda. Especialmente se você cai de paraquedas no filme, e nunca ouviu falar no caso ou em Ângela Diniz. Além disso, o recorte e a montagem do longa, não ajudam a situar um espectador leigo no caso.

Em minha opinião, o grande problema de ‘Angela’ está no fato da biografada ganhar um tratamento da maneira mais superficial possível. Vários fatos são omitidos, ou recebem uma rápida passagem (por exemplo o apelido de ”Pantera Mineira” que Angela tinha), o diretor trabalha na idéia de que, se você for ver o filme, tudo isso já deve ser obrigatório de seu conhecimento. Ísis Valverde é o grande triunfo do longa, dando certa camada de sobriedade a personagem. Entretanto, a montagem por vezes confusa, aliada a esse superficialidade dada a personagem, meio que quebram a dinâmica do filme.

Com cenas soltas, uma montagem bagunçada, que não se permite criar uma empatia por Angela, é difícil pensar que o longa tinha alguma direção defínida quando estava em desenvolvimento. A parte que poderia dar um ar melhor ao projeto, seria o julgamento de Raul, e toda a cobertura que a mídia deu ao caso na época. O Brasil de 1976 era um mar de machismo (não que tenha mudado muito), mas Ângela foi críticada por vários meios. Porém, esse recorte que poderia trazer um tom de mais urgência ao filme, se resume a apenas quatro ou cinco parágrafos no final. Pontos importantes do desfecho são deixados de fora, e sinceramente, o material base é riquissímo, então é lamentável ver o que acabou se tornando este projeto.

‘Angela’ era um filme promissor, que poderia se tornar um registro digno da personagem, entretanto, ao seguir um caminho convencional e truncado, o filme paga por essas escolhas.

Trailer de Angela (Prime Vídeo)

Avaliação: 1 de 5.

Ficha Técnica

Direção: Hugo Prata
Roteiro: Duda de Almeida
Duração: 104 minutos
País: Brasil
Gênero: Biografia
Ano: 2023

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