Reality shows de construção fazem parte do entretenimento televisivo há anos. E o gênero já nos rendeu programas como “Irmãos à obra”, “Reforma Relâmpago” e, é claro, os clássicos “Lar, doce lar” e “Construindo um sonho”.
E justamente por esse longo período de existência, o gênero veio a se tornar saturado. Com isso os shows de mais renome ficam seguros, e os novos que entram no ramo são cancelados prematuramente em decorrência deste mercado predatório.
Para conseguir prosperar neste ambiente, os novos projetos precisam trazer algo que muitos se esquecem ou simplesmente ignoram:
Inovação.
E isso “Como criar um quarto do sexo” da Netflix tem de sobra.
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A criatividade da premissa
O método, a atmosfera, a linguagem e o estilo do seriado é o mesmo de qualquer outro do gênero, sem tirar nem por. Mas o fato de que eles tomaram o risco de focar em construções apenas de quartos eróticos foi a sacada que salvou o reality.
A forma profissional e natural com a qual a arquiteta trata os seus projetos reflete de forma positiva no espectador, que larga os preconceitos de lado e aproveita a experiência livre de tabus.
Por meio disso, você desperta não apenas a curiosidade do mesmo, como também a sua luxúria e libido. E tais sentimentos suntuosos são muito bem explorados durante o show, que brilha na construção e utilização destes.
Outro aspecto a ser elogiado é a diversidade dos casais que participam da série. Temos casais héteros, gays, bissexuais, de diversas etnias e costumes. Isso dá uma individualidade gigantesca para cada episódio, que é focado nos fetiches e desejos de diferentes pessoas, casais e sexualidades.
Mas eu acredito que o maior diferencial na execução do programa seja a arquiteta. A forma passional com a qual ela fala de sua profissão, somada à sua criatividade, profissionalismo, e sotaque britânico demasiadamente elegante nos fazem comprar as propostas da mesma, e mergulhar de cabeça dentro de seu mundo.
O som do tabu sendo quebrado
Mas infelizmente falar de sexo de forma aberta ainda é, mesmo nos dias de hoje, extremamente mal visto. Especialmente no caso de mulheres, que sempre que se expressam acerca de sua vida sexual, são taxadas de meretrizes ou safadas. Enquanto os homens, por outro lado, se vangloriam abertamente de sua vida amorosa.
Acho que a existência de programas deste tipo, que naturalizam o assunto e quebram as barreiras sociais pré-estabelecidas, trazendo à tona um assunto tão delicado, é algo muito positivo. Ainda mais para o público feminino, que pode vir a se inspirar, mesmo que levemente, na coragem de shows como esses para poderem finalmente criar coragem para se expressarem livremente sobre seus desejos e fetiches.
Em conclusão, eu dou meus parabéns à Netflix e a todos os realizadores de “Como criar um quarto do sexo”. A ideia de criar uma premissa tão singular e incomum, e aplicar em um tipo de reality show já existente foi muito inovadora.
Mas acima de tudo, eu aplaudo a coragem dos mesmos por lançar um projeto tão ambicioso e controverso como esse sem ter medo algum de possíveis represálias. Que isso sirva de exemplo não só para os demais streamings, como também a nossa sociedade, que tem que parar de tratar o sexo como algo controverso ou indelicado.
Ficha Técnica
Apresentado por: Melanie Ross
Duração: 8 episódios com duração de cerca de 45 minutos cada
País: EUA
Gênero: Reality Show de construção
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