Entre as várias presenças da mitologia vampírica na literatura, o universo criado por Anne Rice pode ser considerado um clássico. As Crônicas Vampirescas retratam a vida após a morte desses seres interessantes e sugadores de sangue. Assim como retratam suas nuances, que refletem o egoísmo, narcisismo e amores humanos, mesmo sendo os protagonistas seres sobrenaturais que podem viver para sempre.
Anne Rice se utiliza bastante de sua habilidade de contar histórias. Dessa forma, a autora traz em “O Vampiro Lestat” o personagem amado do livro anterior, fazendo com que o leitor o conheça mais profundamente, sob a ótica do próprio vampiro.
Sinopse
“Para escapar da rotina da vida no campo, o jovem Lestat de Lioncourt, seduzido pela fulgurante Paris do século XVIII, abandona sua família e segue com uma trupe de atores para trabalhar no teatro. Em Paris, seu talento chama a atenção de Magnus, um vampiro secular que está decidido a dar fim à própria existência, e, para isso, transforma Lestat em vampiro, legando a ele sua fortuna e a missão de encontrar as origens de sua espécie. Em sua busca, Lestat desvela a fantástica mitologia vampiresca que remonta ao antigo Egito e, aos poucos, toma conhecimento de quem é quem na galeria de imortais que habitam os subterrâneos do mundo.
Suas aventuras através dos tempos desembocam no século XX, quando o vampiro se torna um ídolo do rock, com uma verdadeira legião de fãs e clipes na MTV. Além de se integrar ao mundo dos vivos com sua música, Lestat pretende acordar vampiros ancestrais para tentar esclarecer os enigmas de sua misteriosa forma de existência. Com essa extravagância, no entanto, Lestat acaba quebrando o código de silêncio dos vampiros e provocando a ira de criaturas ainda mais poderosas do que ele. Assim, perseguido pelos imortais e pelos mortais que percebem sua natureza, Lestat percorre o mundo, experimentando os pesares, mas também todos os prazeres que a condição de vampiro pode lhe proporcionar.”
Lestat e o Vampirismo
Divertido, enigmático, com pitadas de ironia aqui e ali, Lestat é apresentado como vampiro que transforma Louis em A Entrevista Com O Vampiro. Depois dos acontecimentos do primeiro livro da série, seria esperado que a história simplesmente seguisse de forma linear. Porém, a autora preferiu introduzir o personagem novamente, recontando sua história antes mesmo de ele ter se tornado um vampiro.
No entanto, ao contrário da figura cruel e de certa forma maníaca demonstrada no livro anterior, Lestat se mostra menos terrível (ou temível) em termos de personalidade. Após os acontecimentos de Entrevista Com O Vampiro, a personagem se vê lendo sobre si mesmo através dos olhos de Louis. Mas não só isso, ele também acaba entrando em uma banda se rock e criando inimigos que poderiam muito bem ser evitados se ele tivesse um pouco mais de bom senso.
“Sou o vampiro Lestat. Sou imortal. Mais ou menos. A luz do sol, o calor constante de um fogo intenso — essas coisas poderiam destruir-me. Mas, por outro lado, talvez não.”
(O Vampiro Lestat)
Da História
Primeiramente, a história tem uma passagem de tempo muito grande indo e voltando do passado ao presente. Muitas partes da história foram bastante cansativas, dando a sensação estranha de imobilidade. Em alguns momentos, você se vê em dúvida se pula algumas páginas ou não. Acredito que o ponto alto dessa história foi a apresentação de personagens muito bons, como Armand, Marius e Gabrielle.
Anne Rice consegue adentrar as várias facetas do ser humano enquanto ser social. Bem como os laços atados que temos em relação a moral. O livro não esconde as passagens até que nojentas, tampouco o passado sombrio que cada criatura guarda em memórias. Sim, tiveram momentos em que passei raiva, mas a verdade é que o livro te deixa muito curioso por cada coisa que aparece nele.
“O Vampiro Lestat” desafio nosso senso de moralidade ao tentar entender como criaturas imortais não estão ligadas as leis mundanas. E, dessa maneira, oferece sensações de desprazer, tristeza e desgosto, muito bem exploradas por sinal. É um livro para quem gosta de vampiros (óbvio), cultura pop e a magia que está por trás da imortalidade.
Sobre a Autora
Anne Rice é uma escritora estadunidense de literatura gótica, cristã e erótica. Mais conhecida por seu trabalho em As Crônicas Vampirescas, Rice também se aventurou na escrita de ficção histórica. Nesse sentido, seus livros lhe garantiram o título de uma das autoras mais populares de todos os tempos, rendendo cerca de 150 milhões de exemplares vendidos.
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