Por que A Saga dos Corvos está envolta em problemas – Resenha

Por que A Saga dos Corvos está envolta em problemas – Resenha

É bem verdade que os livros de Maggie Stiefvater são um sucesso entre a galera mais jovem que curte fantasia e mistério. A Saga dos Corvos foi primeiramente lançada em 2013, mas com a recente alta nas leituras, ela conseguiu ganhar um box especial que conta com quatro livros e um conto extra. Dessa forma, a Saga dos Corvos segue a vida de um grupo de amigos que tem o objetivo de encontrar um antigo Rei mítico para que este lhes conseda um favor. E esse enredo segue por todos os quatro livros da saga.

Desde já, quero deixar claro que todos esses livros são bastante estranhos. Isso significa que eles são ruins? Não! Porém, para explicar essa estranheza, preciso dar informações que podem não agradar a todos os que não leram os livros ainda. Isto é, essa resenha está cheia de spoilers. Então, fique atento ao que vem por aí.

Os Garotos Corvos #1

saga dos corvos 1

Ficha Técnica

Idioma: Português

Editora: Verus

Ano: 2013

Nº de Páginas: 378

Avaliação: 3.5 de 5.

Ladrão de Sonhos #2

ladrões de sonhos

Ficha Técnica

Idioma: Português

Editora: Verus

Ano: 2014

Nº de Páginas: 434

Avaliação: 4 de 5.

Lírio Azul, Azul Lírio #3

a saga dos corvos 3

Ficha Técnica

Idioma: Português

Editora: Verus

Ano: 2015

Nº de Páginas: 350

Avaliação: 3.5 de 5.

O Rei Corvo #4

a saga dos corvos 4

Ficha Técnica

Idioma: Português

Editora: Verus

Ano: 2016

Nº de Páginas: 378

Avaliação: 3 de 5.

Do Enredo

Os livros de Maggie Stiefvater trazem um pano de fundo fantástico muito interessante a princípio. Na Saga dos Corvos, somos apresentados primeiramente à Blue Sargent, única protagonista feminina do grupo, que é filha de uma médium, mas que não herdou seus poderes. Blue já tem um caminho traçado quando se trata de previsões: assim que ela beijar seu amor verdadeiro, ele irá morrer.

Em algum momento, ela conhece Richard Gansey III e seu grupo de amigos: Adam Parrish, Ronan Lynch e Noah Czerny. Cada um deles tem suas particularidades, sendo elas mágicas ou não. Mas o que faz esse grupo ainda mais excêntrico e especial é a sua busca por um Rei Nórdico antigo, que pode está enterrado em Henrietta. Dali em diante, Blue é colocada no meio dessa caçada, que envolve eventos estranhos, folclore e muita magia.

O cenário dessa história é o velho clichê de fantasias jovens. Henrietta é rodeada de eventos anormais, uma cidade que fica em cima de uma linha ley e que é poderosa por si só. Além de guardar grandes segredos que levam todo o enredo a se movimentar.

A questão era que Henrietta parecia um lugar onde a magia podia acontecer. O vale parecia sussurrar segredos. Era mais fácil acreditar que eles não se revelariam para Gansey do que que não existiam.”

Os garotos corvos

Da Trilogia de Quatro Livros

Antes de mais nada, gostaria de dizer que essa primeira parte da resenha se refere aos três primeiros livros de forma mais generalizada. As críticas referentes a eles são muito mais voltadas para eventos gerais da trama. Mais abaixo, reservarei um espaço para falar do último livro (O Rei Corvo) sozinho, já que ele é o centro dos problemas da saga.

Então, passado isso, vamos a resenha!

É extremamente comum que qualquer obra literária se divida em pontos positivos e negativos, e a Saga dos Corvos não é uma exceção a regra. Os livros apresentam uma constância até que legal, todos os personagens tem núcleos próprios interessantes, e até o roteiro fantástico é bom. Acredito que as especificidades de cada personagem faz com que você se apegue a cada um deles de uma forma totalmente diferente. Mesmo que encaremos aqui personas que estão longe da perfeição. Todos eles têm problemas, todos eles são falhos e comentem erros no decorrer da construção do enredo.

Além disso, a autora faz questão de trazer um ar mais enigmático para a narrativa, numa tentativa de prender a atenção do leitor durante todo o desenrolar da história. Entretanto, esse ar misterioso só faz com que a leitura fique extensa e enrolada, considerando o tamanho de cada livro. Essa enrolação é uma característica chave em toda a saga. E em consequência disso, muitas coisas deixam de ser desenvolvidas.

É muito comum durante a leitura perceber a construção de um eixo climático que será totalmente esquecido em algum momento. Um exemplo disso é o julgamento de Robert Parrish em “Lírio Azul, Azul Lírio”, que após acontecer, é totalmente esquecido no meio da trama. O que isso quer dizer? Acontecimentos importantes deixam de ser desenvolvidos em detrimento de outros núcleos menores.

Apesar de ser uma saga divida em quatro livros, o sentimento é que ela poderia ter sido finalizada em três. Afinal, se a autora não demorasse tanto para começar a construir o núcleo de cada história, esta não precisaria de 378 páginas de tempo perdido do leitor, justificadas apenas pelo fato de que Maggie não conseguiu fechar tudo quando e onde deveria.

O Rei Corvo e o Rei Perdido

Em se tratando de fantasia jovem, é bastante comum ver autores alongando histórias pelo mau desenvolvimento das obras anteriores. Isso é exatamente o que acontece em O Rei Corvo.

O último livro da Saga dos Corvos sai um pouco do eixo em que os outros três livros rotacionam. A narrativa aqui é mais rápida e fluída, os eventos acontecem de forma mais gostosa e natural. Não parece uma enrolação sem fim. Isso porque Maggie está correndo atrás de fechar todos os furos que deixou para trás.

Mas… essa tentativa se torna totalmente falha quando a autora simplesmente introduz personagens e seres mágicos (do nada! Oi?) sem necessidade alguma. Sério! Nós vemos a inserção de uma espécie inteira aqui que nunca foi vista antes nos livros e que se resolve em torno de uma só conversa entre Blue e seu pai. Este que, além de pouco (nada) desenvolvido, não entrega nada do que prometeu na história inteira. Toda a tensão de resolve do nada só para dar uma construção a mais a protagonista e resolver de forma fácil os problemas da trupe.

box dos corvos
Box Saga dos Corvos
E tem mais…

Stiefvater introduz um personagem amarelo (asiático) totalmente esteriotipado, que serve como “alegoria” de apoio para o protagonista branco na resolução de seus problemas. E não só isso, mas também o desenvolvendo como um personagem cheio de racismo internalizado, cuja motivação principal é virar amigo do protagonista (sem objetivos verdadeiros por aqui).

Atrelado a todas essas características, ainda temos outras figuras fazendo piadas sobre a ascendência e o sotaque de Henry Cheng. O que mostra que a autora não teve a mínima sensibilidade em criar um personagem de uma etnia da qual ela mesma não faz parte.

E qual o problema nisso tudo? Quando autores brancos colocam personagens de outras etnias em seus livros com um falso pretexto de representatividade, mas não fazem um trabalho de pesquisa, leitura sensível e um desenvolvimento real deles, isso torna todo o caráter de representação, além de racista, fetichista. Por que eu falo isso e por que eu faço questão de sublinhar quem são os autores? Porque isso acontece a todo momento. E quando você faz parte de um grupo que majoritariamente reforça esteriótipos de pessoas racializadas, é essencial ter cuidado com o que você escreve.

Claro, não só autores brancos podem reproduzir esteriótipos, só que vemos isso acontecer principalmente em livros escritos, editados, revisados inteiramente por pessoas brancas. Além de Rei Corvo, esse tipo de situação aconteceu em Eleonor & Park da Rainbow Rowell, a exemplo. Por isso, não dá mais para ignorar a falta de esforço em fazer algo bom, verossímel e, obviamente, não-racista.

Por fim, reservo aqui para deixar claro que o conto Opala não serve para muita coisa além de fanservice do casal Adam e Ronan. Sob a perspectiva da criação de Ronan, a garota Opala, temos um pouco mais da vida dos garotos após os acontecimentos de O Rei Corvo. Então, acredito que não precise dar uma nota para este, muito menos me alongar falando sobre.

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Sobre a autora

Maggie Stiefvater a saga dos corvos
Maggie Stiefvater (autora)

“Maggie Stiefvater é escritora best-seller de dia e artista à noite. Ela também é autora dos elogiados A corrida de escorpião e Todos os santos malditos, publicados pela Verus, e de outras duas séries juvenis. Maggie vive no estado da Virgínia (EUA) com o marido, dois filhos, dois cachorros neuróticos e um gato. Ela é uma leitora ávida, desenhista premiada e toca diversos instrumentos, entre eles harpa celta, piano e gaita de fole.” – Editora Verus

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